O Ibope e a Troiano Consultoria de Marca apresentaram nesta quarta-feira, 8, durante o MaxiMídia, em São Paulo, a pesquisa inédita "Consumo Popular e as Marcas: Construindo Confiança para Gerar Valor". O estudo, baseado em análises do contexto socioeconômico e 3003 entrevistas feitas em nove regiões metropolitanas do Brasil com consumidores de 18 a 59 anos cuja renda familiar não ultrapassa três salários mínimos, foi patrocinado pela Losango, McDonald's, Schincariol e Vivo e abrange 64 marcas do segmento de negócio dos patrocinadores (financeira, fast food, cerveja e telecomunicações).
Segundo Cecília Russo, sócia-diretora da Troiano, o objetivo da pesquisa é conhecer melhor este consumidor e entender o que o atrai no ato da compra. "Descobrimos, por exemplo, que é um consumidor que valoriza muito a qualidade e não avalia apenas o preço dos produtos", disse Cecília. "Conhecer este mercado é importante porque vivemos um momento único na economia, com aumento do poder de consumo das pessoas", destacou Marcelo Coutinho, diretor executivo do Ibope, citando o crescimento da classe média brasileira, que foi de 41% em 2003 para 52% em 2008, e o aumento de 20% da renda nos últimos quatro anos.
Os pesquisadores criaram o Índice de Confiança Popular (ICP), que varia de 0 (desconfiança total) a 100 (confiança absoluta) e é composto por seis dimensões: produto, distribuição, preço, atendimento, comunicação e marca. Elas têm peso variável por categoria, de acordo com a escala de importância atribuída pelo consumidor para a escolha final do produto. Cecília explicou que as marcas com melhor desempenho no ICP são aquelas que estão alinhadas à projeção de vida que os consumidores fazem para o futuro.
Telecomunicações
Hugo Janeba, vice-presidente de marketing e inovação da Vivo, disse que o impacto do aumento do poder de consumo das classes populares é forte no setor de telecomunicações. "Em 1998, apenas 10% dos usuários pertenciam às classes C, D, e E. Hoje, eles são 70%", ressaltou. Janeba afirmou que as classes populares são também importantes consumidoras de SVA (Serviços de Valor Agregado), já que aproximadamente 60% dos downloads de música na operadora são feitos por aparelhos pré-pagos. "Está caindo o mito de que a classe C não consome SVA", disse.
Crise econômica
Os efeitos da crise econômica desencadeada recentemente sobre o poder de consumo desta população foi brevemente mencionada no debate. "Não podemos abandonar este consumidor agora", lembrou Marcel Sacco, diretor de marketing da Schincariol.