Fornecedores querem faixas de satélites em segundo leilão 5G até 2022

As fornecedoras de equipamentos para a cadeia de telecom querem uma sequência de leilões 5G em cinco anos que exigiria a disponibilização para serviços móveis de faixas hoje usadas pelas operadoras de satélite, como a de 28 GHz (banda Ka). Em consulta pública do MCTIC sobre a estratégia brasileira para a quinta geração de redes, estes fabricantes também rechaçaram um eventual uso da faixa de 1,5 GHz (banda L) por sistemas de satélite em baixa órbita (LEO).

"As redes 5G são redes terrestres, e a componente satelital das redes móveis de telecomunicações se limita a uma parte muito restrita na borda da rede, com conectividade de baixa capacidade e alta latência a pontos remotos", afirmou a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), em sua contribuição.

Segundo a entidade, fatores como latência, custo e manutenção fazem com que satélites LEO ou geoestacionários não integrem o ecossistema 5G "em nenhum mercado com redes hoje em operação". Dessa forma, a associação defendeu o uso terrestre para 5G das faixas de 28 GHz e 39 GHz, além do 600 MHz e do 3,3-4,2 GHz, entre outras opções. A proposta da Abinee é de um plano de ação de curto (um ano), médio (dois a três anos) e longo prazo (cinco anos) para estudo e licitações de espectro.

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Em sua contribuição, a Ericsson apresentou cronograma com os mesmos prazos e também minimizou a relevância dos satélites no 5G. "Serviços satelitais não fazem parte do ecossistema 5G: são soluções pontuais para uma parcela muito pequena dos sites em zonas periféricas das redes atuais. Por isso, não devem ser parte do plano para redes 5G no Brasil, sem prejuízo de que seja objeto de outras políticas públicas. As redes 5G dependem de cada vez mais capacidade e baixa latência que não podem ser obtidas em conexões satelitais".

Na proposta da fornecedora, em até um ano deveria ocorrer a destinação do 28 GHz para serviço móvel pessoal (SMP) e serviço limitado privado (SLP), com uso compartilhado com aplicações FSS, sobretudo em ambientes indoor; os estudos para liberação do 3,3-4,2 GHz e do 600 MHz (617-698 MHz); e o próprio leilão 5G com o 3,5 GHz e o 26 GHz, já programado pela Anatel.

Em seguida, até 2022 deveriam ser licitadas as faixas de 600 MHz, 1,5 GHz, 3,6-3,8 GHz, 28 GHz (27,5-29,5 GHz) e 37-43,5 GHz, ainda segundo a Ericsson. Já uma terceira fase com o leilão de outras faixas seria realizado dentro de cinco anos, reunindo 470-698 MHz, 3,8-4,2 GHz, 4,4-5 GHz, 5,9-7,1 GHz, 15 GHz, 45-52 GHz e 66-71 GHz.

A faixa de 28 GHz já é utilizada para o 5G em redes comerciais nos Estados Unidos, Uruguai e em outros países, e é defendida por fornecedores há algum tempo. O setor de satélites discorda, e ressalta que a banda Ka para serviços de satélite é um mercado que já está em implantação no Brasil, com operações como a da Hughes/Yahsat e da Telebras/Viasat com o SGDC, além de futuros lançamentos. Vale lembrar que o posicionamento que a Anatel deve apresentar na Conferência Mundial de Radiocomunicação (WRC-19) em outubro é de descartar o uso desse espectro para o 5G.

1,5 GHz

Outra empresa que defendeu a abordagem de licitações em três fases até 2024 é a Qualcomm: a proposta dela também inclui a extensão da faixa de 3,5 GHz até 4,2 GHz e o uso do 600 MHz. Em sua contribuição, a fornecedora ainda argumentou, assim como a Abinee, que a faixa de 1,5 GHz não deve ser disponibilizada para operadoras de satélite em baixa órbita (LEO): para a empresa e a entidade setorial, o MCTIC sinalizou, no texto da consulta pública, que a possibilidade está em análise. "A Qualcomm entende que a faixa de 1,5 GHz é uma importante faixa média para o uso por serviços móveis, incluindo 4G e 5G, e que, portanto, não se deve destinar tal faixa no Brasil para sistemas satelitais".

600 MHz

Quem apostou em uma abordagem mais pacífica frente o segmento satelital foi a Nokia. Para a fornecedora, o 28 GHz deve sim ser utilizado pelos serviços móveis, inclusive com início do estudos pela Anatel, mas "respeitando a destinação primária da banda para os serviços de satélite". "Grandes empresas e conglomerados deverão demandar o uso de redes privadas de 5G com caraterísticas de latência, disponibilidade e segurança extremamente específicos. Estas redes serão complementadas com as redes do SMP em 'slices' de rede", notou a empresa. A Nokia também quer alinhamento com o cenário internacional para uso dos espectros de 700 MHz e 600 MHz no 5G.

"[O 600 MHz] já está em uso para 5G nos Estados Unidos e consta do roadmap de espectro de vários outros países do mundo", completou a Abinee. "Sendo uma frequência baixa, essa faixa tem enorme potencial para cobertura de zonas remotas e rurais e justamente onde a mesma é subutilizada para os serviços de radiodifusão, com a disponibilidade de pouquíssimos canais de televisão digital na banda de 470 a 698 MHz".

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