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É possível reverter a disparidade de gêneros no setor de tecnologia

São Paulo, SP, 25.09.2015: Foto de Marise Deluca. (Foto 3M Digital)

Com mais de 40 anos de atuação em Tecnologia de Informação, sendo 22 deles em telecomunicações, sou da geração de mulheres que abriram caminhos. Fui a primeira mulher gerente, diretora, vice-presidente e Key Account ManagerAo longo de décadas, tenho participado de discussões sobre disparidade de gêneros no setor de tecnologia, de comitês e conselhos de diversidade e inclusão, e de grupos de mentoria para mulheres. Mas a verdade é que reverter a disparidade de gênero na tecnologia é algo urgente e envolve a participação de pessoas de todos os gêneros.

Um bom caminho para começar é analisar nossos vieses inconscientes, que têm grande potencial para influenciar nossas escolhas, seja em nosso papel corporativo ou em nossa vida pessoal. Alguns exemplos:

 

Não é possível eliminar completamente os vieses inconscientes. Entretanto, o conhecimento e reconhecimento desses mecanismos nos ajuda a tomar decisões melhores.  Alguns dados do Global Gender Gap Report do Fórum Econômico Mundial, publicado em março de 2021: 

  • Percorremos apenas 68% do caminho para a paridade de gênero. Levará 135,6 anos para atingirmos a paridade de gênero globalmente;
  • No que diz respeito à oportunidade e participação econômica levará 267,7 anos para atingir a paridade. Mulheres representam apenas 27% das posições de gestão;
  • O Brasil ocupa a posição 93 entre os 156 países do ranking em paridade de gênero;

Os empregos do futuro, ligados à tecnologia, são campos onde as mulheres estão atualmente sub-representadas e que experimentam uma maior dificuldade em transições de trabalho. Essa situação foi agravada pela pandemia. Os planos de recuperação econômica oferecem uma oportunidade para os formuladores de políticas corrigirem os desequilíbrios.

E há algumas ações em curso, em que estou diretamente envolvida, para enfrentar a disparidade de gênero no setor de tecnologia no Brasil:

  • No Grupo Mulheres do Brasil, onde sou líder do Comitê Mundo Digital Conectividade, defendemos a política de cotas como um instrumento temporário para corrigir uma distorção histórica. Mas, sabemos que apenas as cotas não são suficientes. É preciso trazer as mulheres para a área de tecnologia e apoiá-las, para que permaneçam e cresçam na carreira, corrigindo algumas distorções como a equiparação salarial entre homens e mulheres. O GMB atua ainda com o propósito de desmitificar a tecnologia visando atrair mais mulheres para a área, apoiando treinamentos e ações de empregabilidade e empreendedorismo.
  • Atuo como Conselheira da Associação MCIO Brasil, que reúne mulheres CIO – Chief Information Officer – onde somos 190 mulheres, atuais e ex-CIOs. Mas, o fato é que, nos eventos de CIOs em que participamos, ainda não somos 10%. 

Para apoiar mulheres em tecnologia, fazemos parcerias com empresas que oferecem treinamento para mulheres de qualquer idade, e com as que querem contratar mulheres, oferecendo ainda Mentoria para as contratadas. 

Os eventos de tecnologia, são espaços onde se pode dar visibilidade às mulheres e mostrar que é possível chegar ao lugar de fala, atraindo mais mulheres. Tenho a certeza de que todas as empresas de tecnologia têm em seus quadros mulheres capazes de as representarem muito bem. 

Um exemplo a ser seguido é o Movimento HeForShe ElesporElas, criado em 2014 pela ONU Mulheres, que convida pessoas do mundo inteiro, de todos os gêneros, para juntos criarem uma força visível e corajosa pela equidade.

É possível reverter a disparidade de gêneros no setor de tecnologia. As empresas precisam trabalhar, discutindo e eliminando vieses inconscientes, atraindo, dando espaço e visibilidade às mulheres. Os países precisam criar políticas que corrijam os desequilíbrios de oportunidades entre os gêneros. Todos nós precisamos trabalhar juntos nessa pauta, todos os dias.

*- Sobre a autora: Marise De Luca é graduada em Matemática com Especialização em Sistemas de Informação e Pós-graduação em Administração Geral. É consultora na área de Tecnologia de Informação e Comunicação, Conselheira de Administração, Mentora e Coach de Executivos. É Conselheira do Instituto Articule, que atua na articulação entre poder público e sociedade civil para redução de desigualdades sociais, e também Conselheira da Associação MCIO Brasil que tem o objetivo de trazer mais mulheres para a área de tecnologia. No Grupo Mulheres do Brasil, é líder do Comitê Mundo Digital Conectividade, onde defende a criação de políticas públicas de acesso à Internet como direito básico do cidadão, além de programas para levar conectividade para quem mais precisa, sobretudo na área da Educação. As opiniões expressas nesse artigo não representam necessariamente a posição de Teletime.

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