Banqueiro tenta escapar do inquérito com propina para delegado

Daniel Dantas somou mais um crime à lista de acusações do Ministério Público Federal (MPF) e da Polícia Federal no decorrer das investigações que levaram à sua prisão: corrupção ativa. Segundo o delegado Protógenes Queiroz, coordenador da Operação Satiagraha, em que o banqueiro foi preso, a mando de Dantas, Hugo Chicaroni e mais uma pessoa tentou subornar com US$ 1 milhão um delegado envolvido nas investigações para que seu nome, o de sua irmã, Verônica Dantas, e o de uma terceira pessoa desaparecessem do inquérito policial. O fato foi relatado ao juiz, que autorizou uma "ação controlada", permitindo que os contatos continuassem e que a prisão em flagrante fosse dada no momento em que a PF entendesse mais conveniente. "Foram feitos pelo menos dois contatos com o delegado e, para demonstrar 'boa-fé', deixaram as quantias de R$ 50 mil no primeiro contato e mais R$ 79 mil no segundo", revelou Queiroz. Segundo ele, a audácia da organização criminosa comandada por Dantas foi tanta que chegaram a prometer que, depois que o acerto para retirar o nome de Dantas do inquérito fosse concluído, haveria nova negociação para que o ex-sócio e desafeto de Dantas, Luis Roberto Demarco, fosse investigado em outro inquérito policial, disse o delegado Protógenes Queiroz.
Hugo Chicaroni teve sua prisão preventiva decretada e foi preso na manhã de hoje durante as diligências da operação da PF, que apreendeu em sua residência R$ 1 milhão que, segundo o delegado, seriam usados para pagamento da propina.
Os valores apreendidos já estão à disposição da Justiça Federal de São Paulo.

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Vazamento

O vazamento de informações sigilosas do inquérito pelo jornal Folha de S. Paulo, no dia 26 de abril (dia seguinte às conclusões das negociações da BrOi), que permitiu que Dantas soubesse com antecedência que estava sendo investigado, e o nome do delegado envolvido na investigação, será alvo de uma nova investigação da PF e do MPF.
De acordo com o procurador da República Rodrigo De Grandis, quando houve o vazamento das informações sigilosas, o grupo criminoso de Dantas se articulou para descobrir a origem do procedimento e o delegado encarregado através da influência do ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh junto ao Poder Executivo e ao Legislativo. "Ele (Greenhalgh) fez a articulação para descobrir as informações, mas não vou declinar quem do Executivo foi usado", afirmou De Grandis. O procurador afirma que, através de escutas telefônicas e interceptação de dados, foi possível identificar os entendimentos com Greenhalgh, apelidado de "LEG" ou "Gomes", e também de Guilherme Sodré, conhecido pelo apelido Guiga, que também fazia, segundo a PF, trabalho de lobby para Dantas junto a políticos e junto à imprensa.
Ainda no âmbito da Operação Satiagraha, de acordo com o procurador da República Rodrigo de Grandis, o MPF e a PF pediram também a prisão do advogado e ex-deputado federal, Luiz Eduardo Greenhalgh "pela participação na organização criminosa de Daniel Dantas, mas o juiz federal Fausto de Sanctis entendeu que não existiam fundamentos suficientes para decretá-las".

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