O financiamento bancado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) no montante de US$ 100 milhões para provedores de serviços de Internet (ISPs) está em fase final de estruturação, de acordo com o Grupo de Trabalho (GT) de Crédito das associações de pequenos prestadores de banda larga.
Os recursos foram aprovados pelo BID no ano passado. A expectativa é de que o dinheiro destinado a investimentos de longo prazo, como ampliação de infraestrutura, chegue aos ISPs com taxas de juros mais atrativas do que as praticadas em modalidades tradicionais de crédito de curto prazo, como capital de giro.
O andamento do financiamento para ISPs foi comentado em painel do Abrint Global Congress (AGC) 2025, nesta quinta-feira, 8, em São Paulo. Os representantes do GT de Crédito das associações não apontaram uma data para que os recursos comecem a ser liberados, mas indicaram que os provedores de banda larga poderão acessar as linhas de crédito "em breve".
"Os provedores poderão contratar financiamentos com diversos bancos com linhas mais atraentes. Estamos falando de 7%, 8% ao ano. Ontem, a Selic subiu para 14,75% ao ano. Essa é a diferença que estamos falando", destacou Erich Rodrigues, CEO do provedor Interjato e coordenador do GT de Crédito. "O processo está em reta final de aprovação governamental", frisou.
O consultor financeiro Antônio Pignatari, também integrante do grupo de trabalho, salientou que os bancos comerciais nunca tiveram linhas de financiamento específicas para ISPs. As empresas de banda larga eram tratadas como negócios de varejo, com recorte por faturamento. Os esforços do grupo, com o apoio do BID, devem mudar este cenário.
"Este grupo de trabalho está desenhado para que seja um elo com o setor financeiro e as autoridades. Com o estímulo do BID, haverá um rol de instituições disponíveis para crédito de longo prazo", afirmou.
Guia do financiamento
Por meio do GT de Crédito, as associações de ISPs planejam lançar um site que deve servir de "passo a passo" para que os provedores tenham sucesso nas solicitações de crédito junto às instituições financeiras.
A página, inclusive, deve listar todos os bancos, cooperativas e fintechs credenciadas para liberação dos recursos do BID.
Além disso, o GT terá perfis em redes sociais, como LinkedIn e Instagram, para facilitar a comunicação com as Prestadoras de Pequeno Porte (PPPs) e disseminar informações sobre as linhas de financiamento.
"Em uma página, vamos mostrar para todos os provedores do Brasil onde e como fazer para obter o financiamento", resumiu Guilherme Schmitz, gestor executivo da Associação Catarinense de Provedores de Internet (Apronet) e responsável pela comunicação do GT de Crédito.
No mesmo painel, Fabio Badra, presidente da InternetSul, recomendou que os provedores já comecem a organizar suas documentações relacionadas a aspectos operacionais, regulatórios, tributários e de fluxo de caixa, os quais podem ajudar na negociação com os bancos.