Abrint defende liberação de uso outdoor na porção inferior do 6 GHz

Foto: Divulgação/AGC 2025

Além de defender a retomada de todo o espectro de 6 GHz para o segmento de banda larga, a entidade de pequenos provedores Abrint também entende que o uso outdoor do espectro poderia ser liberado na porção inferior da faixa, que segue disponível para operação de equipamentos Wi-Fi.

O pleito foi manifestado pela vice-líder do conselho da Abrint, Cristiane Sanches, durante debate no encontro anual da entidade (o AGC 2025) realizado em São Paulo nesta quinta-feira, 8. A discussão abordou a decisão de 2024 da Anatel que destinou a metade superior do 6 GHz para serviços móveis, revertendo posição de 2021 que deixava todo o espectro para o Wi-Fi.

A Abrint é uma vocal opositora da mudança e afirma que seguirá lutando pela integralidade do 6 GHz. Mas, enquanto isso, a entidade também entende que as especificações para a parte inferior do espectro (5925 MHz-6425 MHz) podem passar a permitir também o uso em ambientes externos. Por enquanto, apenas a operação indoor de Wi-Fi 6 GHz é permitida.

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"Defendemos que na parte incontroversa [da faixa] já se libere para o uso outdoor. No restante, a gente continua com a discussão sobre o uso integral", resumiu Cristiane Sanches, no debate nesta quinta.

A dirigente lembra que para viabilizar o uso outdoor do 6 GHz, um sistema automático de coordenação de frequências (AFC, na sigla em inglês) é necessário. Sanches nota que a tecnologia já está disponível em mercados como Estados Unidos e Canadá, e que a própria Abrint tem acordo pronto para trazer um sistema AFC ao Brasil.

Com o uso outdoor liberado, a Abrint vislumbra um incremento na qualidade de serviços de Wi-Fi em situações que incluem grandes eventos. A medida é tida como necessária porque as faixas que suportam o serviço de Wi-Fi atualmente – o 2,4 GHz e o 5 GHz – estão congestionadas.

Disparate

Neste sentido, Sanches classificou como um disparate a situação presente no mercado: nela, os provedores teriam apenas 80 MHz no 2,4 GHz e 560 MHz no 5 GHz para operar os serviços de Wi-Fi. Já as operadoras móveis teriam 4 mil MHz de espectro alocado para serviços e outros 15 mil MHz já atribuídos. Somando faixas em estudo, a indústria móvel teria 22 mil MHz potenciais para uso, compara Sanches.

Na ocasião, ela também argumentou que o fortalecimento do Wi-Fi é de interesse geral da população brasileira, e que quase 90% dos clientes de telecom do País preferem a tecnologia ao navegar na Internet.

Alternativa

O debate na Abrint também reuniu outras especialistas no tema, como Martha Suarez, presidente da Dynamic Spectrum Alliance (DSA). Suarez notou que a discussão sobre a divisão ou não do 6 GHz tem se aprofundado no mundo, com diferentes abordagens que poderiam servir de exemplo para o Brasil.

Uma delas é proposta em discussão no Reino Unido: ela prevê toda a faixa aberta para Wi-Fi, com permissão para operações outdoor na porção inferior e possibilidade no futuro das operadoras móveis usarem a porção superior – mas ó caso necessário e com mecanismos de compartilhamento do espectro.

Já Raquel Renno, pesquisadora do Artigo 19, destacou a importância do Wi-Fi para escoar o tráfego da Internet e vantagens do padrão como preço, escalabilidade e segurança. A especialista ainda apontou risco à inovação em caso de esgotamento técnico da tecnologia, com possíveis problemas futuros para os segmentos de games, realidade virtual e multiverso.

Em paralelo, foi notado por Renno que países do Sul Global têm um timing diferente para desenvolver e absorver tecnologias – o que explicaria o início lento do uso do Wi-Fi em 6 GHz em países como o Brasil. Esse foi um dos motivadores para a Anatel rever a destinação da faixa no Brasil.

Também no painel durante a Abrint, foi questionado pelas painelistas o desejo das grandes teles de que só ocorra no final da década um leilão com a parte do 6 GHz agora destinada ao segmento móvel. Como apontado por TELETIME nesta semana, provedores regionais classificam o cenário como uma reserva de espectro.

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