5G: Anatel não está satisfeita com filtros e passa a priorizar migração para banda Ku

Presidente da Anatel, Leonardo Euler de Morais. Foto: APC/Anatel

Após testes preliminares, a Anatel não ficou convencida da possibilidade de convivência entre a transmissão satelital e o 5G na faixa de 3,5 GHz. Por isso, trabalha agora com a migração da banda C para a banda Ku. Conforme os pré-testes executados pelo CPqD em parceria com a agência, os protótipos de filtros dos receptores de TV parabólica (TVROs) não estariam alcançando o desempenho desejado para haver uma confiança na liberação do espectro para o leilão de 5G.

"Até o momento, nos pré-testes, não estamos convencidos de que as soluções de LNBFs [filtros das antenas] com as soluções disponíveis estejam aptas a garantir a coexistência", afirmou o presidente da Anatel, Leonardo Euler de Morais, durante evento online do portal Tele.Síntese nesta sexta-feira, 8. Ele explica que as fabricantes tem sido reativas, apresentando protótipos conforme as demandas da agência. 

Com essa questão ainda a ser definida, Morais entende que pode haver revisão inclusive no desenho da destinação do bloco de 3,5 GHz. "Pode ser uma combinação de melhores filtros, com definição de banda de guarda e menores blocos", diz. 

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Ele também reconheceu que a banda de guarda de 100 MHz pode não ser suficiente, precisando talvez de 20 MHz a mais para garantir a convivência de serviços, conforme os resultados dos pré-testes e simulações no computador. Portanto, ainda é uma possibilidade que o leilão de 5G acabe com uma destinação menor no 3,5 GHz – de 400 MHz para 380 MHz, por exemplo. "Algumas simulações que a gente fez apontaram nesse sentido. Mesmo que venhamos a deslocar [para a banda Ku], não significa que seriam 400 MHz para o total."

Euler considera que há ainda o desafio de 100 MHz com os enlaces satelitais, e que interlocutores desse setor de satélite estão sendo "contundentes em relação ao ressarcimento" para liberação do uso em 5G. "Lógico que ficam preocupadas, mas vamos trabalhar com o que é justo e razoável. Até mesmo porque temos a preocupação de garantir compromissos de investimento com relevância no edital."

Migração

Esses resultados ainda inconclusivos são com base no cenário de mitigação da banda C – isto é, elevando o serviço de TVRO para a faixa de 3,8 GHz. Justamente por ainda não estar satisfeita, a Anatel agora não descarta o cenário de migração total das operadoras satelitais. "Enquanto a mitigação não apresenta as características necessárias, a área técnica foi orientada a trabalhar com a migração para a banda Ku", declarou Euler. 

Embora isso seja uma alternativa, o presidente da Anatel lembra que é a mais dispendiosa. "É preciso levar em conta o quanto essa restrição impõe. Nós sempre trabalhamos com edital de abordagem não arrecadatória, para aprimorar investimento em regiões menos privilegiadas. Mas o custo demasiado alto para garantir a coexistência entre sistemas tem efeito nos investimentos, ainda mais em um país com lacunas de infraestrutura que precisam ser endereçadas, como no PERT", diz, referindo-se ao Plano Estrutural de Redes de Telecomunicações

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