Dos sistemas legados ao Hadoop: o que mudou na Telefônica para viabilizar sua estratégia de dados

A preparação da Telefônica para poder adicionar o que a empresa está chamando de quarta camada da rede, ou a camada de inteligência, que é a base do Projeto Aura, envolveu uma grande mudança dentro da companhia. Desde a definição das ferramentas até a formação de uma nova equipe dedicada apenas a esta missão.

"Antigamente jogávamos muitos dados fora e custava muito caro armazenar essas informações. Começamos um projeto há três anos um projeto de estruturar um ambiente em que a gente pudesse coletar essas informações de maneira muito mais barata e que a gente tivesse a esse processamento de maneira muito rápida", explicou a este noticiário Luiz Medici, diretor de business inteligence e big data da Telefônica no Brasil.

A arquitetura de organização de dados foi a mesma usada pelas grandes empresas de Internet, o Hadoop. "É a tecnologia que permite com que muitas máquinas trabalhem no processamento da informação de maneira enfileirada. A informação pode assim ser armazenada de maneira mais barata, processada simultaneamente, devolvida a um lugar único e com isso termos uma resposta mais rápida", explica Medici. "Análises em near real-time de grandes volumes de informação se tornaram possíveis e esse é o grande salto que nos permitiu não descartar tudo", conclui.

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Segundo o executivo, a empresa montou uma infraestrutura para procurar as informações que transitavam na rede e trazer para o "lago de dados". "Só que se leva um tempo para aprender a utilizar essas informações, porque no Hadoop você recebe informações brutas que vêm direto dos sistemas. Isso cai no nosso 'data lake' e é ali que começamos a pescar essas informações para utilizá-la de maneira estruturada".

Hoje o "lago" da Telefônica tem todas as informações que trafegam na rede de maneira integrada: localização, consumo de voz e dados… "tudo o que passa pela nossa rede nós jogamos nesse lago".

Medici explica que o primeiro uso desse volume de informações foi para otimizar a alocação de recursos e investimentos na rede. Tradicionalmente o planejamento de redes parte da análise da demanda de uma cidade ou região, a partir de um padrão de demanda média, explica. "Começamos a olhar cliente a cliente, obviamente com dados agrupados e anônimos, e entender o comportamento para ver os problemas. Com isso podemos perceber pequenos pontos de gargalo e pontos cegos, (fazer) prevenção de falhas muito mais eficiente", diz Luiz Medici. Segundo ele, com isso o investimento fica mais inteligente e o cliente percebe o valor mais rápido. "Só esse projeto já compensou o valor do investimento para coletar os dados".

Segundo Medici, hoje a Telefônica tem 87 vezes mais dados do que há três anos, quando basicamente só mantinha as informações de billing. "Agora mantemos as informações de comunicação do usuário com a rede, que é permanente".

Pescaria

"Criar o lago é a primeira etapa, mas pescar no lago é mais complicado. Precisa de especialistas, cientistas de dados, que trabalham sob uma linguagem nova, precisam entender de programação e pensar em um resultado de negócios. Se ele não pensar em negócios ele não vai saber o que ele está pescando e o que procurar naquele lago. Tem que saber pescar e cozinhar", diz o executivo.

Segundo Medici, esse profissional é dificílimo de encontrar. "Podíamos sair por ai contratando as moscas brancas e pagando super caro, sem ter garantia de ter o profissional adequado, ou partindo para um plano de desenvolvimento interno. Foi o que fizemos, compramos a Synetic Partners. Saímos de 5 cientistas de dados para 40 e queremos chegar ao final do ano em 65 só no Brasil". Segundo ele, isso ainda é muito pouco. "As empresas de Internet têm muito mais do que nós, porque eles vivem disso. A gente se inspira nessas empresas. Reconhecemos que saímos depois, e por isso tivemos que criar o nosso próprio programa. Não consigo ir a um profissional e convencer ele a sair do Google para vir ao nosso projeto de longo prazo".

O que atrai os profissionais, diz ele, é o volume de dados com que os cientistas de dados terão que lidar. "(A Telefônica) é uma Disney para quem gosta disso".

Essa área da Telefônica não se confunde com outros trabalhos importantes realizados pelos diferentes times de TI da empresa. "Temos a camada de redes, a camada de sistemas, a camada de produtos e canais e essa camada vem agora para acrescentar a inteligência". Ele lembra que os sistemas de uma empresa de telecomunicações são complexos. "Para fazer um projeto desse é preciso um centro de excelência que possa conviver com o dia-a-dia da empresa".

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