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Dataprev fecha 20 filiais e corta quase 500 cargos

A Dataprev, estatal de prestação de serviços de processamento de dados para a Previdência, iniciou hoje um processo de redução de sua estrutura inédito na história da empresa, com a eliminação de cerca de 500 postos de trabalho (14% do quadro) e o fechamento de 20 filiais estaduais. A redução, segundo Chistiane Edington, presidente da empresa, acontece dentro do processo de “tornar a empresa mais eficiente”. Ela não associa o corte de pessoal nem as outras medidas de otimização operacional a qualquer processo de privatização, mas reconhece que uma gestão mais eficiente torna a empresa mais atrativa. “Os estudos para uma eventual privatização não têm relação com a gestão da empresa nem são feitos por nós, eles estão sendo feitos pelo governo. Quando começamos o processo de reestruturação, a Dataprev sequer estava no PPI (programa de privatizações). Mas é claro que tornar a empresa mais saudável aumenta o interesse (em uma futura privatização)”, diz ela. O secretário especial de desestatização do Ministério da Economia, Salim Mattar, comentou a reestruturação da Dataprev no Twitter: “Estas medidas vão tornar a empresa mais saudável para os processos de privatização no qual estamos trabalhando”, disse o secretário.

A justificativa apontada pela Dataprev para a redução da estrutura é que nestas 20 unidades eram desempenhadas atividades periféricas ao principal negócio da empresa, que é o processamento de dados do governo, de onde proveem 98% da receita da Dataprev (que totaliza cerca de R$ 1,6 bilhão ao ano). A maior parte das funções desempenhadas nas unidades estaduais que estão sendo eliminadas estava relacionada ao atendimento dos clientes governamentais, e ainda assim com baixíssima demanda, segundo Edington. Na média, eram realizados menos de 55 atendimentos em média por dia nas unidades, ou dois atendimentos por funcionário, se considerados os 152 funcionários destas filiais dedicados à atividade fim, segundo os dados apresentados pela Dataprev. Somando o pessoal necessário para dar suporte a esta estrutura, chega-se aos 493 cargos que estão sendo cortados. Esta estrutura, considerando alugueis de espaço físico, salários e terceirizados, custa à Dataprev R$ 96 milhões por ano, para uma atividade que não gera nem R$ 2 milhões em receita ao ano e que pode ser facilmente desempenhada pelas sete unidades que permanecerão ativas. Nestas sete filiais é onde são executadas as demais atividades (datacenter e desenvolvimento), segundo a presidente da estatal. As unidades que permanecerão ativas são: Ceará, Distrito Federal, Paraíba, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Santa Catarina e São Paulo.

Os custos de demissão e fechamento das 20 unidades estão estimados em cerca de R$ 56 milhões, de modo que o corte, sendo realizado já a partir de fevereiro, teria efeito ainda em 2020, nos cálculos da empresa. “Ninguém gosta de demitir pessoas, mas é um ajuste operacional fundamental para a sustentabilidade da Dataprev no longo prazo”, defendeu Christiane Edington. “Nos últimos três anos a receita da Dataprev cresceu, considerando a inflação, menos de 3%, mas os custos saltaram 21%. Ainda que seja uma empresa lucrativa, no longo prazo o cenário não era bom e estas medidas de ajustes são necessárias”.

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Tempo de casa

Os funcionários que estão sendo demitidos têm, em média, 31,4 anos de casa, e a vinculação dos servidores da Dataprev, apesar do regime de CLT, traz um certo nível de estabilidade. Por isso o processo de corte de pessoal é complexo, e certamente haverá questionamentos na Justiça. Na expectativa de tornar o ajuste mais eficaz, a Dataprev está oferecendo um plano de desligamento por acordo. O plano é exclusivo para as 20 filiais que serão extintas, e traz algumas compensações, como a manutenção temporária de plano de saúde e previdência, mas o prazo para a opção é curto: até 20 de janeiro. A partir daí a demissão será unilateral, com a extinção dos respectivos cargos. Desde dezembro os servidores que atuavam nas áreas finalísticas dentro das filiais em processo de fechamento receberam a opção de pedir a transferência para alguma das sete unidades que permanecerão ativas. Segundo Bruno Burgos, diretor de administração e pessoas, não é possível ainda fazer um balanço de quantas pessoas pediram a remoção porque o prazo ainda está aberto.

A empresa trabalha, em outra frente, na diversificação do negócio, hoje fortemente dependente do processamento dos benefícios da previdência e do empréstimo consignado. Um dos planos é justamente a expansão para a prestação de serviços a estados e municípios. Christiane Edington não considera, contudo, que o fechamento das unidades estaduais comprometerá estes planos. “A atividade que nós realizamos não está vinculada necessariamente a uma presença ou estrutura local”. Ela explica que estas 20 filiais da Dataprev foram criadas ao longo da história da empresa para dar suporte a atividades que sequer existem mais, como trabalho de digitação de documentos. “Com o tempo, as pessoas foram sendo reacomodadas em outras funções, que também não precisam mais de presença local”. Edington diz que não é possível uma comparação do grau de eficiência da Dataprev com empresas similares na iniciativa privada, pois a natureza dos serviços prestados é outra, mas que no quesito receita/funcionário a relação era baixa. “Este ajuste colabora com um melhor desempenho”, diz a executiva, destacando que os programas de desligamento incentivado permanecem.

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