A Oi divulgou na noite da última quarta-feira, 6, o balanço financeiro da empresa no terceiro trimestre de 2024. Os números apontam resultado líquido de R$ 243 milhões, impulsionado por impacto positivo da reestruturação da dívida da empresa. Já as receitas da tele tiveram queda acentuada.
De julho a setembro, a empresa registrou faturamento líquido de R$ 2,051 bilhões, 14,4% abaixo do mesmo período do ano anterior. Mesmo nos serviços considerados estratégicos (ou "core") houve queda – neste caso de 8,5%, para R$ 1,546 bilhão.
Entram nessa categoria o Oi Fibra, que gerou R$ 1,125 bilhão em receitas no terceiro trimestre, denotando estabilidade (+0,8%). Este negócio de 4 milhões de assinantes está sendo vendido para a V.tal na forma da ClientCo, em parte do plano de recuperação da Oi.
Já a Oi Soluções – divisão para o mercado corporativo que deve ser o futuro do grupo – teve queda de 26,6% na receita do trimestre em relação a 2023, marcando R$ 421 milhões em faturamento. A empresa explicou o tombo apontando "dinâmica declinante nos serviços tradicionais de telecomunicações e abordagem comercial seletiva".
Por sua vez, as receitas consideradas "não core" pela Oi – serviços legados em rede de cobre, TV via satélite (DTH) e subsidiárias – tiveram recuo de 28,5% em um ano, marcando R$ 505 milhões neste terceiro trimestre.
Caixa e lucro
A Oi encerrou o terceiro trimestre com R$ 1,310 bilhão em caixa, após uma queima de R$ 606 milhões ao longo do período (redução de 32% no caixa).
Entre os fatores, a empresa teve um Ebitda de rotina negativo de R$ 388 milhões (crescimento de 17%), além de ter investido R$ 109 milhões entre julho e setembro (embora em um ano este capex tenha recuado 45,9%).
A Oi também indicou "pagamentos não previstos" de multas à Anatel por conta do atraso no acordo de autocomposição para migrar a concessão. Seriam R$ 102 milhões em pagamentos no balanço, totalizando R$ 160 milhões em valores não previstos ao longo do ano.
Ainda assim, o resultado líquido positivo de R$ 243 milhões foi impulsionado por receitas financeiras de R$ 886 milhões. Elas são explicadas, principalmente, pelo impacto positivo da reestruturação da dívida da Oi após os novos termos do plano de recuperação, bem como pelo resultado cambial, por conta da valorização do real no terceiro trimestre.
Vale notar que no processo de reestruturação das dívidas, a empresa reporta novação e redução da dívida financeira em 70%. Hoje o balanço da Oi indica um endividamento líquido a "valor justo" de R$ 8,9 bilhões, mesmo após novos financiamentos.
Há, porém, a necessidade da companhia de obter liquidez adicional, como adiantado por TELETIME em setembro. As razões são a oferta da V.tal pela ClientCo sem componente em dinheiro e os já mencionados desembolsos adicionais de caixa decorrentes do atraso na migração de regime de concessão, além de outros custos associados à recuperação judicial.
Próximos passos
Entre os próximos passos para a Oi estão:
- o fechamento da venda da ClientCo para a V.tal;
- a venda da participação da empresa na própria V.tal;
- a assinatura definitiva da migração da concessão, nos termos do acordo de autocomposição;
- a aceleração da venda de imóveis após esta mudança de regime, dado que a empresa detém 7,9 mil imóveis;
- a retomada de procedimento arbitral com o governo, por desequilíbrios no contrato da concessão;
- uma aceleração na recuperação de direitos creditórios;
- e a nova estrutura de controle, com credores convertendo-se nos maiores acionistas.
Neste último caso, a Oi confirmou que credores que receberão ações no aumento de capital passam a deter 79,3% do capital social da tele. E os três maiores acionistas (as gestoras Pimco, SC Lowy e Ashmore) possuirão juntos 58,3% do capital.