A Anatel está "frustrada" com os resultados presentes do sandbox regulatório para conexões direct-to-device (D2D), entre redes de satélites e dispositivos celulares. O ambiente experimental aprovado em março ainda não resultou em parcerias concretas entre operadoras móveis e de satélites.
A avaliação foi feita pelo agora conselheiro substituto da agência, Vinicius Caram, durante o último dia do Painel Telebrasil 2024. O evento foi encerrado nesta última quarta-feira, 6, em Brasília.
"As iniciativas [no sandbox] têm prazo que se encerra no primeiro semestre do ano que vem, e confesso que estou um pouco frustrado. Acompanhamos os testes e esperávamos que já houvesse algo mais efetivo", afirmou Caram, que como superintendente de outorgas e recursos à prestação da Anatel vinha liderando a pauta de espectro da agência.
Segundo Caram, do ponto de vista técnico a solução D2D já teve funcionamento comprovado em aplicações como voz, dados e mesmo WhatsApp, embora ainda haja um caminho para que a tecnologia alcance aparelhos convencionais. Assim, conforme apontou interlocutor ouvido por TELETIME, o desafio para tirar projetos do papel seria sobretudo estratégico/comercial.
Isso porque existiria uma certa reserva das operadoras móveis em aprofundar parcerias com as satelitais e de alguma forma ceder espaço para players D2D – que, no futuro, podem se tornar concorrentes das próprias teles pelo mercado consumidor.
Por outro lado, o conselheiro Vinicius Caram recorda que há estudos na Anatel para atribuição de faixas de espectro diretamente ao serviço móvel satelital, o que pode envolver as banda L e S, por exemplo.
Já no caso das parcerias com as teles tradicionais saírem do papel, Caram vislumbra uso de espectros como 400 MHz e 700 MHz. Embora algumas opções sejam consideradas "nobres", um caminho seria disponibilização da faixa para o D2D em locais sem uso da radiofrequência pelas teles.