Durante a conferência para analistas na noite desta quinta, 7, o CEO e chairman da Telecom Italia, Marco Patuano, demonstrou o plano industrial da companhia para 2014 a 2016 e foi taxativo ao endereçar a forte especulação sobre uma possível venda da TIM Brasil: nada disso está nos planos da holding. "Ouvi muitas vezes que no Brasil poderíamos ser fatiados. Honestamente, eu falei claramente: o Brasil é um ativo core (central), e nosso plano é anunciar investimentos enormes no País", declarou. Serão R$ 11 bilhões em Capex na operação brasileira até 2016.
Patuano reiterou que a operadora brasileira é um ativo fundamental para a empresa, e que seria necessário um preço condizente com essa importância. "Nosso ativo core poderia ter preço: de um ativo core. Então, o Brasil é core", disse. Perguntado se haveria ao menos alguma possibilidade, ele não chegou a descartar completamente, mas continuou enfático: "Nunca diga nunca, não considero sério a abordagem de não haver nenhum preço; sempre há preço para tudo. Mas o preço de um core asset é um preço que teria de convencer eu e o board a mudar a estratégia que temos hoje."
A irritação do CEO com as recentes especulações de uma possível venda da TIM foi nítida. Patuano deixou um recado claro para a Telefónica e para as agências de rating: os interesses da empresa italiana continuam. "A companhia inteira está firmemente comprometida a ter um perfil financeiro forte, não estamos dispostos a fazer coisas só para agradar alguém. Queremos ser uma companhia que trata todos os acionistas de maneira igual", disse. A declaração foi uma resposta à movimentação da Telefónica para um aumento dos 46,2% que já detém da capital na Telco, que é a principal acionista da Telecom Italia, com 22,4%, que despertou fortes rumores na imprensa e no mercado e levou analistas a aconselhar a venda da operadora brasileira. "Respeito o julgamento das agências de rating, mas acredito em nossa posição".
Patuano não chegou a endereçar rumores sobre uma parceria da TIM no Brasil com a GVT, possibilidade ventilada pelo acionista minoritário Marco Fossati, investidor da holding Findim, que tem 5% de participação na Telecom Italia. Mas o CEO da companhia destacou em seus planos domésticos que pretende reforçar a parceria com a Sky, algo que poderia ser retomado no mercado brasileiro, onde ofertas conjuntas do serviço de Internet Live TIM eram feitas com a operadora de DTH, mas não "decolaram" por questões operacionais.
R$ 11 bilhões em três anos
De fato, durante a apresentação, ficou clara a intrínseca relação entre controladora italiana e controlada brasileira. O plano industrial considera as estratégias conjuntas com a TIM Brasil para investimentos e otimização de custos. Tanto é que a Telecom Italia planeja para o Brasil um investimento em Capex entre 2014 e 2016 na ordem de R$ 11 bilhões, excluindo eventual compra de licenças do leilão de 700 MHz.
Esse plano para a TIM Brasil inclui um forte foco em infraestrutura, com backhaul fiber-to-the-site (FTTS), que deverá estar presentes em 38 cidades neste ano e "mais de cem" até 2016; e small cells, que aproveitarão, inclusive, as ofertas corporativas do TIM Fiber como backhaul. A estimativa é de que a rede de fibra da operadora saia dos atuais 46 mil km para 65 mil km até o final de 2016.
A estratégia possibilitará o crescimento da empresa no segmento móvel, com o plano de substituição da telefonia fixa para móvel em voz. Mas a bola da vez são as receitas em dados, impulsionadas pelo foco na venda de smartphones sem subsídios. "Acreditamos que podemos repetir com dados o que fizemos com voz. Há muito ainda a crescer porque a base de usuários (de dados) é pequena", afirmou o presidente da TIM Brasil, Rodrigo Abreu, que também participou da conferência. A ideia é que haja uma substituição fixo-móvel também na banda larga. Isso poderá possibilitar um esperado aumento de receita de "dígito único médio" nos próximos três anos, segundo previsão da empresa.