Mesmo com o avanço significativo da penetração nos últimos anos, será necessário superar desafios para elevar a qualidade e a disponibilidade de serviços de banda larga no País, de acordo com participantes do mercado de telecom.
O presidente da Conexis Brasil Digital, Marcos Ferrari, lembrou que o total de conexões por fibra óptica, que representava 5% do mercado de banda larga no País há cinco anos, hoje soma 75% do setor. Nesta segunda-feira, 7, ele e outros executivos estiveram no Latam Fiber Broadband Leaders Summit, evento promovido pela Huawei em São Paulo que debateu o futuro da banda larga na América Latina.
"No Brasil, a gente tem passado um processo muito grande de evolução. A pandemia acelerou a banda larga por fibra, e desde então as aplicações vêm se multiplicando. Se na pandemia o principal uso era para encontros virtuais e videoconferências, hoje já vemos aplicabilidades na indústria e no agro que, há cinco anos, eram impensáveis", afirmou Ferrari. Neste sentido, o entendimento é que iniciativas em áreas como cidades inteligentes ou a digitalização de portos são oportunidades.
Entretanto, um dos pontos que precisam ser endereçados tanto no Brasil como nos demais países da região, segundo o presidente da Conexis, são os furtos e roubos de cabos.
Velocidades
Com uma média de 365 Mbps por usuário, a velocidade da banda larga no Brasil tem crescido cerca de 30% ao ano. A informação é da consultoria Teleco com base em dados da Anatel.
Neste ritmo, porém, ainda deve levar alguns anos até que o País chegue a uma velocidade de 1 Gbps por usuário – até 2027, a velocidade média deve chegar a apenas 700 Mbps.
Para o CEO da Teleco, Eduardo Tude, o principal entrave ainda é a falta de backhaul nos municípios. "Essa, para mim, hoje ainda é a principal barreira para o avanço de chegar com fibra em todo mundo", diz.
De acordo com o presidente do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), Carlos Nazareth Marins, é necessário ter regras mais claras para reduzir o custo com infraestrutura. "Se as legislações são muito difusas, acaba fazendo com que a operação seja mais cara, porque a operadora não pode reproduzir o mesmo projeto em todos os lugares", disse.
Para alcançar o 1 Gbps de velocidade, o presidente do Inatel afirmou que é preciso um estudo topográfico que permita às empresas de telecom terem uma base de dados confiável.
Impacto positivo
Por outro lado, David Huang, PR regional para a América Latina e Caribe da Huawei, ressaltou o retorno dos investimentos para a economia. Ao mencionar estudo da União Internacional de Telecomunicações (UIT), o executivo frisou que a cada 10% de aumento de investimentos em conectividade via fibra óptica, há um crescimento de 2% no PIB dos países.
"Nós estamos muito felizes de ver como o Brasil, o Chile e o México já adotaram [a tecnologia], mas ainda vemos que há muitos lugares que ainda não tiveram conexão com fibra. Então, chamamos os operadores, governos e parceiros para introduzir mais políticas para melhorar o desenvolvimento da fibra na região", disse Huang.