A estratégia do segmento de TV da Vivo parece ter dado resultados e mostrado uma significativa aceleração nas vendas, mas algumas decisões cruciais como a expansão para fora do Estado de São Paulo estão ainda em compasso de espera. Com base de 687,8 mil acessos em junho, a grande maioria em DTH, a empresa mantém foco ainda na oferta de IPTV na Grande São Paulo, o que depende da infraestrutura de fibra até a residência (FTTH), que atinge 271 mil acessos – não necessariamente de TV, mas pelo menos com banda larga – e na oferta de DTH no interior. Há previsão de expandir essa cobertura, mas não agora. Um dos motivos é a definição da investida de R$ 20,1 bilhões da Telefônica na GVT, o que muda toda a perspectiva do cenário para ambas as empresas. O diretor de vídeo da Vivo TV, Rafael Sgrott, reconhece que há planos para a expandir o atendimento com a cobertura de satélite, mas o momento ainda é de esperar. "Eu acredito que qualquer estratégia a gente poderá detalhar daqui a um mês", declarou ele durante painel na ABTA 2014 nesta quinta-feira, 7.
Quando provocado se isso significaria justamente esperar o processo com a GVT ter uma conclusão, Sgrott disse que "até 3 de setembro (data limite para a oferta da Telefônica à Vivendi) há outras variáveis". Importante lembrar que o prazo da oferta poderá ser estendido pelo grupo espanhol.
Isso pode significar uma certa insegurança da Telefônica em relação à expansão do negócio de TV para fora do Estado de São Paulo. O executivo admite que a venda do serviço com DTH poderia ajudar na convergência com o negócio móvel da operadora no País, complementando unidades geradoras de receita (UGR). Só que o momento continua ser de estudos para definir como agir. "Há uma estratégia, sempre tem uma complementar para todos os mercados, a gente tem questão de qual a melhor forma de você atuar, seja fazendo uma coisa mais vagarosa, negociar aprendendo ou saindo de forma mais intensa", detalha.
O que parece mais sólido é a estratégia com fibra e com o IPTV, mas a previsão inicial de chegar a 2015 com um milhão de acessos estaria defasada em pelo menos 75%, a julgar pelos números de acessos em fibra incluindo banda larga. "A gente vai continuar e queremos acelerar, estamos com revisão na velocidade (de crescimento) porque é uma equação de cobertura, footprint, prédios, banda larga e TV, e isso tem muita variável", declara Rafael Sgrott. "O viés é de aceleração, de cobertura, estamos investindo bastante, o que mostra que estamos fazendo a aceleração para nos transformarmos em uma empresa de fibra e de vídeo."
Convergência
Antes de pensar em GVT, a Vivo ainda tem em seu histórico o gerenciamento de diferentes empresas, como a antiga TVA, adquirida em 2006 e cuja integração só concluída em 2013. "A gente aprendeu muito desde quando teve a junção com a TVA, de entender o mundo do entretenimento", declara Sgrott. "Queremos juntar não só a conveniência da conta única, mas uma proposta única de mobilidade de ter boa cobertura, bom serviço e boa estrutura". Essa estratégia de convergência também aparece na tecnologia, com o lançamento durante a ABTA 2014 do recurso de TV everywhere da operadora, o Vivo Play.
"Convergência só acontece quando integra tudo, quando móvel potencializa dentro da casa e vice-versa", afirma o diretor de planejamento da Net Serviços, André Guerreiro, que também participou do painel nesta quinta-feira. "A gente quer levar a experiência da casa junto com a TV por assinatura para fora." Ele diz que o processo de integração de billing com as ofertas multiplay, sobretudo com as vendas conjuntas da Claro, ainda estão em processo inicial. "Avaliamos como bem sucedido internamente, mas achamos que estamos longe do que gostaríamos de entregar para o consumidor em todos os campos: prestação de serviços, conectividade e convergência plena", declara.