Estratégia para o Brasil é de longo prazo, garante Viasat

A operadora norte-americana Viasat diz que o lançamento da Internet residencial para o Brasil é apenas o primeiro passo de um comprometimento de investimento de longo prazo, que vai inclusive além do uso do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações (SGDC). Isso significa sobreviver às particularidades do País, incluindo os desafios tributários e flutuações cambiais influenciando no preço final, além das incertezas da macroeconomia e impactos políticos. 

VP e head de Internet residencial da Viasat para as Américas, Evan Dixon, disse ao TELETIME que os investimentos no Brasil têm como objetivo rodar o negócio localmente. A empresa tem três escritórios no País, nas capitais Rio de Janeiro, Brasília e São Paulo. Neste último caso, a unidade na Av. Berrini será inaugurada em outubro. "Temos um time crescente, com muitas novas posições para as quais estamos contratando, incluindo um general manager e um diretor", declara. 

A Viasat não revela publicamente o quanto está sendo investido, mas o executivo alega ser algo na casa de dezenas de milhões de dólares. "Estamos investindo muito além do que já investimos com a Telebras", declara. "Esse comprometimento é evidência de que estamos no Brasil por um longo prazo." Em 2021, a companhia pretende dedicar parte do Capex para "aumentar a percepção", divulgando o nome da operadora e os produtos.

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A variação do real frente o dólar não é um fator que influencia nessa quantia para a empresa, diz o executivo. A operadora apenas presume não ter controle sobre esse risco, e por isso se engaja em elementos que pode controlar. "O real está flutuando muito ultimamente, mas não deixamos isso ditar o que acontece no negócio."

Ainda conforme a avaliação do executivo, a Viasat não sofre impacto nas operações do SGDC devido às limitações impostas pelo governo à Telebras ao incluir a estatal no orçamento anual do então Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e na lista do Programa de Parceria de Investimentos (PPI) para futura privatização. Por conta dessas decisões, a Telebras precisou rescindir contratos e está com impossibilidade de usar adicional de caixa na própria operação.

Preço vs. tributação

O serviço lançado pela Viasat nesta terça-feira, 7, é considerado pela própria operadora como um "serviço premium". O custo da banda larga de 10 Mbps é de R$ 349 (desconsiderando preço promocional), com instalação custando mais R$ 300, o que acaba torna o serviço ainda pouco acessível. 

Um dos fatores para contribuir para o preço final é a taxação. A taxa de instalação (TFI) e de fiscalização (TFF) que compõem o Fistel são de R$ 201,12 e R$ 100,56, respectivamente. A Anatel entende a questão e tenta há anos mostrar os benefícios de rever o desenho desses tributos para uma mudança legislativa. 

Evan Dixon reconhece que os impostos são um grande problema no Brasil. Isso inclusive motivou a empresa norte-americana a "contratar mais funcionários para lidar com tributação do que o normal". 

Ainda assim, segundo Dixon, futuros planos com outros tipos de empacotamento serão anunciados já nos próximos meses. "O que estamos anunciando é o primeiro passo por mais dados, velocidade e mais produtos para garantir atender a demanda de mais mercados que apenas o residencial", declara, citando também produtos para mercado corporativo, além do Wi-Fi comunitário

Na visão dele, o 5G não será uma competição para o acesso via satélite. A Viasat mira não apenas na região rural, mas em áreas no envolto das grandes regiões metropolitanas, onde a fibra e o cabo não chegam. 

Futuro

O planejamento da Viasat no mercado brasileiro é eventualmente poder passar a oferecer planos com franquia ilimitada de dados, como é feito atualmente nos Estados Unidos. Atualmente, no mercado norte-americano, a operadora já oferece serviços focados na maior entrega de dados, com previsão de lançamento de pacote de 100 Mbps de velocidade ainda este ano.

Essa expansão no Brasil (e também nos EUA) será possível com a adição do satélite ViaSat-3 Americas, que cobrirá todo o continente americano. Previsto inicialmente para ser lançado em 2020, o novo cronograma é que ele seja colocado em órbita em 2021. 

Parte de um sistema com mais dois outros satélites (cobrindo Ásia-Pacífico e região da Europa e Oriente Médio), esse artefato ainda não teve a base de lançamento ou uma data definitiva ainda divulgados. Para cada um dos três, há um parceiro para lançamento. Vale lembrar que em junho do ano passado, a Viasat afirmou que o lançamento da versão para Américas do satélite seria lançada pela Arianespace a partir da base de Kourou, na Guiana Francesa. Evan Dixon diz que não estava ciente dos esforços do governo brasileiro em promover a Base de Alcântara, no Maranhão, mas coloca que há "benefício significativo para usar parceiros locais". Lembrando que Alcântara ainda não te estrutura para lançamento de foguetes de grande porte nem convênios com nenhuma das empresas lançadoras.

Com o ViaSat-3 Americas, a companhia tem planos de expandir também para outros mercados latino-americanos, ainda que não tenha havido anúncio formal. "Gostaríamos de oferecer na maioria dos países, alguns com, outros sem parceiros", diz, citando o modelo com a Telebras como exemplo. "Temos grandes planos." A ambição é que, com os demais satélites do sistema, a empresa possa cobrir toda a Terra "visível", podendo manter a conectividade em qualquer lugar do planeta. "Vamos ser o primeiro ISP global para todos os países", declara.

2 COMENTÁRIOS

  1. Esse valor cobrado é um absurdo,e para piorar tem limitações de dados. Eu mora em uma área de sítio e tem a claro banda larga ,onde eu pagava R$119.90 por 240 MB dia mais 120mb noite no tatal de 360mb, com um sinal 4G que chega à 45mb de velocidade. Hoje um ano depois esse valor baixou para R$81,00,anda tem as outras operadoras de celular. E se formos analisar o chip é mais prático e fácil locomoção.basta ter um model ou pen drive e sinal da operadora. Um conselho antes de adquirir pensa porque vc vai ficar um ano amarado ao plano.

    • Vale a pena comparar os valores de Fistel para celular e para estações de satélite. É aí que está grande parte da diferença de preço, imagino.

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