Para ouvidor da Anatel, venda do Speedy deveria ter sido suspensa ainda em 2008

Pela segunda vez desde que a Anatel suspendeu as vendas do Speedy, a Telefônica, responsável pelo serviço de banda larga, apresentou suas explicações em público para as falhas em sua oferta. Na semana passada, a empresa sofreu a sexta pane desde 2008 em seus serviços. A reunião desta terça-feira, 7, foi com os deputados federais da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI). E amanhã o presidente da Telefônica voltará à Câmara dos Deputados para mais uma audiência.
Mas a reunião de hoje foi marcada também por críticas à atuação da Anatel, vindas da própria agência. O ouvidor da autarquia, Nilberto Miranda, lamentou a lentidão na emissão da medida cautelar que suspendeu as vendas do Speedy há duas semanas já que a primeira e maior falha na oferta de banda larga se deu há praticamente um ano. "A edição de um ato semelhante desde o primeiro episódio estancaria ou reduziria os problemas", afirmou Miranda, que também protestou contra a atuação da Telefônica.
Para Jarbas Valente, superintendente de Serviços Privados da Anatel, a agência agiu com velocidade e tomou medidas tão logo teve acesso às informações completas sobre os incidentes com o Speedy. "Nós agimos no ano passado, mas era preciso procurar a origem dos problemas. Não se pode ir punindo sem ao menos saber o que aconteceu", explicou o técnico responsável pelos processos administrativos que tramitam na Anatel sobre os problemas de banda larga em São Paulo.

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Reclamações
O presidente do Procon/SP, Roberto Pfeiffer, concordou com a suspensão das vendas exigida pela Anatel, mas destacou que o atendimento aos danos causados aos usuários ainda não terminou. Um dos aspectos que ainda carece de tratamento é o fato de que os danos extrapolam as horas em que o serviço ficou suspenso, na opinião do Procon. "Até porque é o serviço que deve estar disponível ao consumidor e não o consumidor ficar à disposição da empresa 24 horas, testando se o serviço voltou a funcionar", analisou Pfeiffer.
O presidente da Telefônica, Antônio Carlos Valente, pediu paciência ao Procon para a definição do ressarcimento aos clientes e rebateu as declarações do presidente da entidade de que sua empresa teria um índice de reclamações bastante acima do tolerável. Pelos dados do Procon, a Telefônica foi alvo de 66% das reclamações recebidas entre 2005 e 2009. Valente admitiu que as críticas dos consumidores aumentaram no ano passado, mas assegurou que essas demandas estão sendo contornadas.
Plano de ação
Se a Telefônica conseguir comprovar a efetividade das medidas que já começaram a ser adotadas para reverter as falhas em sua rede de dados, a Anatel poderá revisar em breve a medida cautelar que suspendeu as vendas do Speedy. O superintendente Jarbas Valente disse que o plano antipane apresentando pela empresa há duas semanas atende as exigências feitas pela agência. E que a implementação das ações está sendo acompanhada "par e passo" pela Anatel para que a Telefônica possa ser autorizada a retomar suas operações de banda larga. Segundo ele, é possível que a cautelar seja revisada ainda neste mês.
Da parte da Telefônica, coube reproduzir as explicações já dadas ao Conselho Consultivo da Anatel e assegurar que os investimentos estão sendo feitos. "A Telefônica assume toda a responsabilidade pelos problemas", afirmou Antônio Carlos Valente. O executivo, com o apoio do CPqD, voltou a argumentar que uma das falhas foi provocada por hackers. Mas admitiu que as várias intervenções que a empresa têm feito em sua rede fragilizaram a segurança. "Essas intervenções geraram janelas de debilidade e elas foram aproveitadas nos ataques."
Trópico
O problema ocorrido na oferta do STFC neste ano, causado por uma falha de procedimento de um funcionário terceirizado, somada a problemas no sistema que estava passando por atualização, ganhou novos esclarecimentos nesta terça. Este noticiário apurou que o funcionário seria da empresa Trópico, ligada ao CPqD, bem como o software com problemas inserido no sistema.
Na audiência, o presidente da Telefônica confessou publicamente que não contratará o CPqD para analisar esta falha do STFC, comentário que gerou questionamentos dos deputados. Em resposta, o presidente do centro tecnológico, Hélio Graciosa, argumentou que este problema estaria associado a uma "entidade que tem uma relação muito íntima com o CPqD".

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