Para a ConectarAgro, "a conectividade do agronegócio não ocorrerá se o mercado de ISPs não se envolver". Num cenário em que apenas 15,3% da população rural está conectada, enquanto o setor agropecuário representa mais de 23% do PIB nacional, as redes privativas e parcerias com provedores regionais aparecem como solução para impulsionar a digitalização no agro.
Mas o campo ainda enfrenta sérios obstáculos para alcançar a conectividade, conforme destacado em apresentação durante o Abrint Global Congress (AGC 2025), pelo diretor financeiro da entidade, Renato Bueno.
Apenas 15,3% da população rural brasileira conta com acesso à Internet, e a cobertura de redes móveis atinge apenas 33% da área rural, um contraste com a participação econômica do setor agropecuário no PIB.
Redes privativas
Para mudar essa realidade, a implantação de redes 4G e 5G no agronegócio também é vista como um passo essencial. Esses sistemas envolvem uma estrutura complexa, que inclui equipamentos específicos, antenas, torres com sistemas de energia, e conexão via fibra óptica, micro-ondas ou satélite até o núcleo da Internet.
Além disso, é necessário um sistema robusto de gerenciamento, suporte técnico, monitoramento de qualidade e parceria com operadoras licenciadas (SMP) ou solicitação de licença para redes privativas (SLP), no caso de provedores.
Segundo Bueno, "o desafio para conectar o campo envolve modelo de negócio e negócio". Dois modelos aparecem para ampliar a conectividade rural: as redes públicas e as redes privativas. No modelo público, qualquer usuário com um chip da operadora pode acessar a Internet, o que amplia o impacto social e é geralmente liderado por grandes operadoras.
Já as redes privativas atendem exclusivamente os clientes contratantes, sendo possíveis modelos de negócios baseados por hectare ou com entrada gradual de novos usuários, muitas vezes liderados por integradores e provedores regionais (ISPs).
O modelo tradicional de telecomunicações, no entanto, mostra-se financeiramente inviável em muitos casos de cobertura rural, dado o alto custo de infraestrutura (Capex) aliado à baixa receita por usuário. Nesse contexto, as redes privativas podem emergir como solução estratégica, principalmente com a atuação dos provedores regionais, que têm papel central na expansão da banda larga em áreas remotas do Brasil.
Piloto
Os resultados do uso de tecnologias conectadas no campo são evidentes e corroborados na no desempenho da Fazenda Conectada projetado pela ConectarAgro em Água Boa (MT). De acordo com a entidade, a produtividade média pode aumentar em 18% com a adoção de soluções digitais. Máquinas agrícolas conectadas reduzem em até 25% o consumo de combustível por hectare e ajudam a diminuir em 10% a pegada de carbono das operações.
As redes privativas, nesse cenário, são apontadas como o principal catalisador da Indústria 4.0 no campo brasileiro, alavancando uma nova era de produtividade e responsabilidade ambiental. Além do agro, Bueno aponta as oportunidades presentes em outros setores, como mineração, óleo e gás e rodovias.
"A missão é habilitar a digitalização não só no agronegócio, mas também nas cidades e indústrias, promovendo mais eficiência por meio da automação, respostas ágeis às demandas do mercado, decisões orientadas por dados, segurança do trabalhador e, sobretudo, sustentabilidade ambiental", destaca a ConectarAgro.