Para além da possibilidade de contratar rede no atacado, a Algar Telecom vislumbra expansão da rede e conta na estratégia com um leque de opções para captar dinheiro para esses projetos de investimento. Entre eles está a utilização de recursos próprios especialmente, mas também aproveitando alternativas como as debêntures incentivadas.
A operadora projetou um investimento de R$ 568 milhões para este ano, um montante 23% maior do que o planejado no ano passado. Isso inclui recursos para expansão de rede, equipamentos, sistemas e licenças (como as de 5G).
Também o apetite para adquirir ativos de redes – como fez recentemente com a da Cemig – não é necessariamente reduzido. Em entrevista ao TELETIME, o presidente da Algar, Jean Carlos Borges, explica que há demanda por complementaridade de infraestrutura devido à extensão do País, e isso requer dinheiro.
Há cerca de dois anos, a Algar obteve recursos de R$ 1 bilhão do Fundo de investimentos Archy, afiliado do GIC Special Investments (fundo soberano de Cingapura), em troca de 25% do capital na companhia. Mais recentemente, no mês passado, o Ministério das Comunicações aprovou projeto de captação de até R$ 1,5 bilhão por meio da emissão de debêntures incentivadas.
Ainda assim, Borges afirma que os projetos de expansão foram de recursos da operação e alavancagem do balanço. "Não obstante o GIC ter entrado em 2018, a gente tem modelo que tem proporcionado crescimento."
Ele explica que o mercado B2B tem respondido bem, com um "crescimento vigoroso" do segmento. Na Algar, a área observou crescimento de 12,9% nas receitas em 2020, permanecendo como o a divisão de maior rentabilidade da operadora. Naturalmente, isso acaba demandando mais expansão.
Debêntures
A captação de R$ 1,497 bilhão por meio das debêntures incentivadas é uma opção para a companhia. "É possibilidade e será analisada em relação a outras alternativas. No momento certo, tomaremos a decisão", destaca.
O executivo procura ter cautela em anunciar a utilização dos recursos para não gerar expectativas, mas destaca que o recurso é interessante pela isenção do imposto de renda: para pessoa física, a alíquota sai de 25% para 0%, enquanto para pessoa jurídica há uma redução para 15%. "No momento em que a rentabilidade não está elevada, se não há mordida do IR, a rentabilidade fica atrativa e isso é uma maneira de incentivar [investimentos na] fibra."
Além de notas promissórias, as debêntures normais já são utilizadas pela Algar para "praticamente todas" as captações. Jean Borges afirma que no mercado de dívida a empresa tem crescido não só em base, mas também em desempenho financeiro. "Investidores fazem e têm nos acompanhado há algum tempo no processo de expansão e, ao que tudo indica, estão satisfeitos."
Crescimento
Desde a aquisição dos ativos da Cemig, a Algar expandiu para 16 estados, além do Distrito Federal, e já conta com operação em mais de 360 cidades do País. Essa operação, voltada ao B2B, contempla desde a micro e pequena até as grandes empresas. A ideia é fornecer os serviços com fibra até a ponta, incluindo telefonia fixa.