A maratona da transformação digital

Joao Vicente, Consultor Sênior de processos de negócios da Dassault Systèmes para a América Latina

Há alguns anos decidi começar a correr. Não apenas pelo exercício, mas principalmente por querer ser parte de um grupo em particular – o dos corredores. Minha meta, logo de início, era completar a mais famosa corrida de rua do País, a São Silvestre, com todas as suas subidas e descidas. Simples, não é? O que eu não tinha ideia, até então, era o que significava aquela decisão, com todos os desafios que precisaria superar, as mudanças que teria de fazer, o tempo e o esforço para alcançar meu objetivo e muito mais. 

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O fim dessa minha jornada, para antecipar, é que consegui. Não sem antes ter passado por alguns imprevistos e adaptações para melhorar minha performance e garantir o fôlego até o metro final. Hoje, sigo correndo e alcançando bons resultados.  

Mas você já deve estar se perguntando uma coisa: o que é, afinal, que essa minha história tem a ver com a Transformação Digital? Para começar, a digitalização dos negócios, assim como começar a praticar a corrida de rua, é uma decisão aparentemente simples, mas que envolve muito mais coisas do que o conceito em si pode sugerir. 

De forma prática, o sucesso em uma estratégia de Transformação Digital exige uma profunda mudança cultural das organizações. Indo direto ao ponto, a verdade é que esse processo inclui uma série de desafios que nem sempre estão em páginas de revistas de negócios. Até porque a digitalização das operações e serviços é algo específico de cada empresa – não há receita pronta, embora dicas de outros corredores também possam ser úteis de vez em quando. 

Partindo deste ponto, o que ninguém conta para as empresas querendo efetivamente passar pela transformação digital: a primeira coisa é que não se trata de uma corrida de cem metros rasos. Está mais para uma maratona, com um caminho que demandará investimentos financeiros, treinamentos e capacitação do capital humano, ajuste da tecnologia, entre outros. Além disso, poderia citar quatro pontos fundamentais: 

  • 1- Outra coisa é que toda mudança gera desconforto, e é preciso saber lidar com isso. Do mesmo jeito que minhas pernas doíam quando comecei a treinar, as alterações também tendem a incomodar as pessoas, que veem seus processos e lugares mudando. Ter um plano de longo prazo para qualquer processo de tomada de decisão é o melhor jeito de mostrar os benefícios a serem conquistados no fim do processo.
  • 2 – Investimento em tecnologia é parte da transformação digital (e não ela inteira). Meu relógio com GPS me ajuda a correr melhor, otimizando meu plano de treinos, mas ele não é a motivação que me acorda de madrugada. A tecnologia é o que habilita a inteligência e a melhora da performance, inclusive para capacitar sua força de trabalho. Por isso mesmo, use as ferramentas certas para entender e melhorar o máximo possível sua atuação. Foque em ferramentas que melhoram o seu processo.
  • 3 – Você tenderá a olhar para sua empresa e não para o objetivo do projeto (como a melhora da experiência de seus clientes, por exemplo). O que acontece é que, quando estamos focados em uma tarefa específica, é natural perder de vista para qual lugar estamos indo – ou seja, ao invés de seguir o plano, acabamos optando por resolver problemas do momento que pouco agregará para o futuro. É preciso ter disciplina e continuar treinando com foco. 
  • 4 – No meio do caminho, é possível que você queira parar tudo, voltar aos processos e ao modelo anterior e achar que não é possível alcançar a transformação digital. Quando isso acontecer, lembre-se de que é possível buscar suas motivações. No mundo da corrida, existe uma "regra" de que todo corredor, em algum momento, acaba se perguntando o que é que ele está fazendo ali, sofrendo nos treinos e competições. É a chamada "regra dos 60%" – pois, normalmente, isso acontece em 60% do percurso de qualquer prova.  

Nessa hora, o líder deve olhar em volta e achar uma motivação. Para mim, por exemplo, sempre me perguntam se vale a pena passar por tudo isso e digo que cada quilometro valeu a pena. O mesmo certamente acontece às empresas que se propõem a passar por um processo de evolução e mudança cultural.  

Os benefícios de seguir este caminho são inúmeros e incluem, entre outros pontos, a criação de uma empresa cada vez mais ágil e capaz de atender as tendências do mercado e dos negócios. Além disso, a digitalização permite avançar as gestões da cadeia de fornecedores, com controle maior sobre as linhas produtivas. 

Outro ganho, sem dúvida, é que a companhia será mais sustentável. Essa sustentabilidade, porém, não diz respeito apenas ao meio ambiente – ela inclui a melhoria da lucratividade da empresa, uma gestão mais eficaz e a chance de contribuir com as responsabilidades sociais que não podem ser esquecidas. Tudo isso se reflete, evidentemente, na satisfação e experiência dos clientes, simplificação dos processos, agilidade e construção de novas vantagens competitivas às empresas alinhadas a essa realidade.  

A transformação digital, como se vê, é um processo complexo e contínuo. Antes de embarcar em uma jornada de transformação digital, portanto, o caminho é criar uma estratégia que elimine os obstáculos, entenda seu negócio e não esconda seus problemas, garantindo assim um sucesso digital. 

A transformação é o resultado de um esforço que combina pessoas, processos e tecnologia. Eles movem-se lado a lado para formar os elementos fundamentais da mudança. Faça investimentos em tecnologia com soluções que, de fato, gerem valor e isso proporcionará o ganho real tanto para a organização quanto para seus clientes. 

Assim como uma maratona, o processo de transformação digital é um desafio, mas que pode ser facilmente atingido com o uso de plataformas digitais 3D. O segredo do sucesso é sempre ter o apoio de tecnologias, pois elas são fundamentais para nos levar a um outro patamar. Da mesma forma como os treinos podem ser melhorados com a ajuda de sistemas, as empresas que usam plataformas de três dimensões conseguem simular e testar na tela do computador produtos antes mesmo deles serem produzidos. A tecnologia para a indústria da renascença já está disponível e certamente quem souber melhor explorar os recursos disponíveis sairá à frente dos concorrentes e vencerá a maratona. 

Sobre o autor – Joao Vicente é Consultor Sênior de processos de negócios da Dassault Systèmes para a América Latina. As opiniões expressas nesse artigo não necessariamente refletem a posição de TELETIME.

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