Para Cisco, aumento de tráfego por causa do coronavírus não é motivo de pânico

Foto: Pixabay

Para a Cisco, o impacto do aumento do tráfego por conta do coronavírus (covid-19) será suportado pelas redes atuais das operadoras, mas a mudança de paradigma deverá acelerar o processo de transformação digital, e isso será um caminho sem volta. A afirmação foi feita durante webconferência da empresa com jornalistas para a América Latina nesta terça-feira, 7, para comentar os efeitos da pandemia no teletrabalho, telemedicina e educação a distância. A fornecedora entende que, durante a crise, as mudanças são rápidas, mas elas deverão permanecer mesmo quando a emergência sanitária acabar.

O vice-presidente sênior da Cisco América Latina, Jordi Botifoll, explica que "todos os setores vão se digitalizar de maneira mais acelerada e por uma mudança cultural por conta da pandemia". Para ele, a cidade vai ser mais digital, e os serviços a distância ganharão mais importância mesmo após a eventual volta à normalidade. 

"Tudo isso gera um tráfego adicional, e isso é exponencial. É um tráfego que levará ao aumento da capacidade de infraestrutura. Mas é também uma área otimizada, pois as operadoras e provedores têm.oportunidade muito boa de capturar tráfego e adicionar serviços em cima", diz. "As operadoras estão sempre investindo muito, e a pandemia vai acelerar a evolução do consumo exponencial de tráfego".

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Sem pânico

Na visão do diretor de vendas de segurança da fornecedora, Ghassan Dreibi Jr., não há motivo para pânico em relação à infraestrutura. "O crescimento foi muito alto, ms as operadoras, em toda a América Latina em geral, já estavam fazendo investimentos profundos e novos serviços", declara. 

O diretor de vendas de arquitetura da Cisco, Mariano O'Kon, também tranquiliza em relação ao comportamento da infraestrutura. "As residências agora estão conectadas o dia inteiro, por isso há um crescimento sustentado do tráfego, mas não de pico", diz, comparando com a tendência do volume nas redes corporativas antes da pandemia. "Por esse motivo que não é tão grave quanto se esperava", diz. Ele também comenta que medidas de provedores de conteúdo, como YouTube e Netflix, ajudaram a reduzir o estresse nas redes.

O'Kon cita o crescimento do volume nos pontos de troca de tráfego (PTTs) no mundo, inclusive no Brasil. No final de março, o IX.br chegou a registrar um pico de 11 Tbps (apenas uma semana depois de atingir 10 Tbps), um aumento de 25% desde o início da crise, segundo o diretor da Cisco. Para efeito de comparação, na Itália o crescimento foi de 33%. "Mas todas as redes estão preparadas para suportar o crescimento e muito mais", afirma. Em comunicado na semana passada, o IX.br garantiu que o PTT "conta com bastante reserva, estando a menos da metade da capacidade hoje suportável". 

Nas redes da própria Cisco, houve também um aumento exponencial da ferramenta Webex, utilizada em teleconferências. A empresa diz que atingiu 14 milhões de minutos e 300 milhões de usuários até o momento, com maior crescimento de uso justamente na América Latina: 8 vezes, contra 4 vezes na Europa, 3 vezes na Ásia e 2,5 vezes na América do Norte.

Segurança

Há uma preocupação com o aumento da conectividade, contudo. Ghassan Dreibi explica que a rapidez na implantação de ferramentas de home office, além do uso de equipamentos pessoais para o trabalho, aumentam a exposição dos usuários a ataques. "Já prevíamos um aumento dos ataques mesmo antes da pandemia", declara. 

Segundo dados apresentados pelo diretor, 81% das brechas registradas envolvem credenciais comprometidas. E apesar disso e de mais da metade (52%) das empresas pesquisadas terem demonstrado preocupações de segurança com dispositivos móveis, apenas 27% estão utilizando métodos de autenticação multifator (MFA). "Tem que pensar que tudo isso vai passar, e o paciente zero não pode estar dentro das empresas, tem que estar isolado e protegido. O que propomos é um crescimento sustentável do trabalho remoto seguro", declara.

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