Sigfox lança sua rede para IoT no Brasil

Com o recente foco do governo brasileiro em Internet das Coisas (IoT) e com projetos já sendo anunciados com LPWA (baixa potência e grande cobertura), a provedora global de serviços de comunicação Sigfox também se posiciona no mercado como alternativa às conexões comuns baseadas em LTE e GSM com seu padrão homônimo e com uso de frequência não licenciada de banda estreita. A companhia havia anunciado em abril do ano passado a implantação de sua rede no Brasil, e em outubro declarou a intenção de investir cerca de US$ 50 milhões em três anos para aumentar sua presença na América Latina, ampliando a cobertura atual de três para dez países. Agora, ela lança a rede no Brasil (já contando com cobertura no Rio de Janeiro e em São Paulo) com objetivo de cobrir 90% do País em dois anos, incluindo áreas rurais, onde há oportunidades de aplicações para IoT em agronegócios.

A Sigfox já tem parceria com a Telefônica no Brasil e em outros países, conforme explica o CEO e fundador da empresa, Ludovic Le Moan, em visita ao País. E a ideia é se preparar para a explosão das conexões IoT em um ano e meio. "Ninguém espera esse tipo de necessidade do mercado, então estamos explicando às MNOs (operadoras móveis)", diz ele, referindo-se às características do tipo de comunicação unidirecional, de baixo consumo energético, baixo custo e alto alcance. "Em 18 meses você vai ver a explosão desse mercado, porque cresce a todo dia", diz.

Le Moan fala de uma "corrida" nesse mercado, mas deixa claro que o padrão Sigfox deverá ser complementar a tecnologias como Bluetooth, LTE (em suas variações LTE-M e NB-LTE), Wi-Fi e RFID. Isso porque ele usa Ultra Narrow Band (com canal menor do que 1 KHz, o que permite alcance de quilômetros de distância) com outros sensores usando sinalização sem passar pela infraestrutura de rede tradicional em um primeiro momento. A topologia prevê conexão a apenas a uma estação radiobase (ERB) por exemplo, enviando os dados de leitura quando necessário. Por conta disso, a aposta é que a comunicação e os próprios sensores contem com baixíssimo consumo energético e baixo custo – o suficiente para poder escalonar para os milhões de objetos a serem conectados.

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Como conta com parceria com operadoras móveis tradicionais, acaba sendo possível a aplicação em IoT sem brigar com as teles. "Meu sentimento é que a Sigfox não está fazendo telecomunicações", declara o executivo. "A Sigfox que ser um canal global de comunicação, permitindo às MNOs simplificarem as conexões", alega. O CEO diz ainda que a tecnologia oferece grande resistência a interferências, o que também ajuda mesmo em redes domésticas. Ele cita como exemplo a possibilidade de utilizar o padrão para conectar equipamentos como uma smart TV a um roteador Wi-Fi sem exigir configurações complexas.

Oportunidades brasileiras

A oportunidade de negócios no Brasil vem através do potencial do ecossistema nacional ainda desconectado, além da pesquisa e desenvolvimento não apenas para o mercado interno, mas para exportação. A ideia é utilizar aplicações de gelocalização e tagging, e uma das provas de conceito de rastreamento e segurança em agronegócios é de uma empresa alemã em sua atuação no Brasil, conforme explica o CEO da empresa criada para representar a Sigfox na América Latina, WND, Chris Bataillard. "Vendemos mensagem como utilities, funciona como uma MVNO", declara. Além da Telefônica, a empresa diz ter parceiros de outras verticais no Brasil, mas sem citar nomes.

Outro caso aplicável é o de navios pesqueiros. "Hoje, a única saída de tecnologia a 100 km da costa é satélite, e isso é muito caro", compara. Ele propõe a utilização do Sigfox até para a comunicação entre barcos, aumentando a segurança em casos de condições adversas no mar.

Bataillard espera que, a partir do Brasil, a Sigfox possa utilizar o mesmo modelo de negócios em outros países da região, aproveitando as características semelhantes dos mercados. No Chile, por exemplo, a empresa atua com sensores para monitoramento de galinhas conectadas, permitindo um maior controle sobre a saúde dos animais em criadouros. "O Brasil está fazendo um roll-out paralelo com países como Alemanha e Japão, e às vezes pega testes antes de outros mercados. Damos kits de desenvolvimento e módulos para pesquisa", explica. "A ideia é desenvolver e poder exportar (a tecnologia com sensores), o que é uma novidade no Brasil, porque aqui geralmente isso é feito para protecionismo", avalia.

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