Houve um avanço significativo no casamento entre o mercado de operadoras de telecomunicações 5G e as empresas de capacidade e serviços baseados em redes de satélite. A mensagem nesse sentido foi dada na abertura do MWC 2025, que aconteceu esta semana em Barcelona, por Sunil Bharti Mittal, fundador da operadora indiana Bharti Airtel: "fiquem atentos ao satélite. Esta é uma oportunidade que temos de conectar bilhões de pessoas, e há muito mais por vir", disse ele.
O evento também contou com presença inédita de debates sobre redes satelitais, seja para aplicações tipo NTN (non-terrestrial networks, quando a ERB é ligada diretamente a um satélite), seja no modelo de comunicação direta ao dispositivo (Direct-to-device, ou D2D).
Para Carmel Ortiz, VP de estratégias e tecnologia da Intelsat, houve uma grande evolução, e hoje o satélite já é parte da estratégia das empresas de 5G. No caso especificamente da Intelsat, a partir de 2027, com novos satélites que serão lançados no próximo ano, a capacidade para redes NTN 5G e mobilidade (comunicação em aeronaves, por exemplo) será significativamente ampliada.
Ela também aponta um crescente interesse do mercado de IoT por satélite, pela presença em virtualmente qualquer lugar. A empresa está em processo de colaboração com o Softbank japonês para justamente analisar o potencial e o mercado de aplicações direct-to-device junto às operadoras que são parceiras.
Multi-órbita
Outra aposta da Intelsat há alguns anos é a oferta de conectividade e soluções baseadas em uma rede multi-órbita de satélites geoestacionários, que é o tipo de constelação que a Intelsat tem há anos, e uma solução baseada em satélites de órbita baixa (LEO). Segundo Carmel, isso tem ido muito bem. A parceira da Intelsat nesse tipo de solução é a OneWeb.
"Nos Estados Unidos já temos muitas implantações e o mercado entendeu que existe uma grande diferença de uma oferta efetivamente corporativa, com suporte, equipe, atendimento, qualidade garantida, para uma oferta baseada em um produto residencial e um pós-vendas muitas vezes só existentes em alguns países. Os clientes precisam de suporte, estabilidade, robustez e confiança", diz ela.
Houve um desafio de desenvolvimento de toda a solução integrada para os serviços multi-órbita, até porque é uma oferta que vai muito além da rede satelital: ela tem ainda uma boa parte de redes terrestres e soluções de TI.
Nos últimos anos, diz Carmel, a Intelsat aprendeu muito, mas o mais importante foi diversificar parcerias e se mover rápido. Hoje as operadoras de satélite têm a maior capacidade de todos os tempos, e o desafio é agregar valor a ela. "Há um senso de urgência em que estamos atentos".