O uso da Inteligência Artificial (IA) pelas operadoras tem como foco melhorar a experiência do usuário, automatizando processos e facilitando o acesso a diversos outros serviços ofertados pelas empresas. As experiências e cases foram apresentados pelas durante o Painel Telebrasil 2024, que discutiu a implementação de IA no setor de telecomunicações nesta terça-feira, 5, em Brasília.
Segundo Luiz Alexandre Garcia, CEO da Algar Telecom, a empresa está utilizando tecnologia de IA para automatizar e aprimorar o atendimento.
"A Cora [IA da Algar] está automatizando o atendimento aos nossos clientes. Ela auxilia no relacionamento com nossos clientes e monitora falta de luz, se há falhas de backbone, backhaul, etc", disse Garcia. Ainda segundo o CEO da Algar Telecom, a indústria de telecom tem tudo para evoluir da conectividade para apresentar soluções para os seus clientes.
Jone Vaz, diretor de IA da TIM, destaca que a operadora utiliza uma estratégia pragmática, implementando a tecnologia onde de fato ela é necessária. "Queremos melhorar a experiência do cliente. Hoje usamos a Tais, um copiloto que auxilia o cliente no atendimento ao call center. Basicamente, queremos resolver o problema do cliente. Queremos que o cliente tenha uma percepção melhor, uma solução melhor", disse Vaz durante o painel.
O diretor de IA da TIM também ressaltou que aliado ao uso de sistemas de IA, estão também sendo usados dados tratados e técnicas de machine learning. Ele disse que atualmente, a empresa tem mais de 100 casos de uso de IA, que até 2026 estarão em pleno funcionamento. "Em 2021, já usamos IA para melhorar uma linha de produção para soluções em uma rede privada, em uma planta. E obtivemos bons resultados", disse.
Uso estratégico de Dados
Denise Inaba, CIO da Vivo, destacou como o uso estratégico de dados pode ser importante para uma operadora. Segundo a representante da Vivo, a empresa resolveu investir na qualidade destes dados.
Para isso, construiu um data lake, repositório que armazena de maneira centralizada grandes volumes de dados em sua forma original. Nesse repositório, os dados podem ser processados e usados como base para uma variedade de necessidades analíticas. O data lake da Vivo é o terceiro maior da América Latina, disse Inaba. "Hoje, estimulamos nossos colaboradores para criar um volume de dados para permitir um uso adequado desses dados por nossa IA", afirmou durante o painel.
Mais infraestrutura
O secretário para a Transformação Digital MCTI, Henrique Miguel, representante do governo no debate, trouxe a importância de se ter uma infraestrutura adequada para o desenvolvimento da tecnologia de Inteligência Artificial no País. "Precisamos de infraestrutura necessária para desenvolver IA. Não ter essa infraestrutura é um fator de preocupação para nós", afirmou.
Ele também pontuou a importância de se ter uma regulação adequada de IA no Brasil. Segundo Miguel, o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA) ainda não entrou em vigor, mas, quando foi aprovado, o governo estava com a expectativa de que essa regulação saísse logo no Congresso.
Sobre este assunto, o senador Eduardo Gomes (PL-TO), disse que o projeto 2.338/2023 deve sair da Comissão Especial ainda nas próximas semanas. "Nas próximas três semanas, um novo relatório preliminar deve sair. Importante dizer que até o momento, temos divulgado relatórios preliminares para que os interessados possam trazer contribuições", afirmou o senador durante o Painel Telebrasil.
De novidade, ele destaca que os aspectos de riscos foram mais elaborados, no sentido de se mitigar possíveis danos a determinados grupos e segmentos. Sobre a votação da matéria, Gomes lembrou que o Senado é apenas uma primeira etapa, já que o texto também será apreciado pela Câmara dos Deputados, o que pode colocar a sua finalização apenas para o ano que vem.