Uma das grandes aplicações de conectividade satelital, o mercado marítimo tem previsões de crescimento para os próximos anos, inclusive com a aceleração da transformação digital por conta da pandemia do coronavírus. De acordo com o regional manager da empresa de conectividade KVH Industries para a América do Sul, Maurício Rubinsztajn, há uma grande oportunidade para atendimento à tripulações, especialmente no momento pós-pandemia. "É uma nova realidade: 75% dos profissionais só aceitam trabalhar em empresas com boa Internet [nos navios]. E eles ficam de duas a quatro horas online todos os dias", declara.
Para Rubinsztajn, que participou nesta terça, 6, do último dia do Congresso Latinoamericano de Satélites, essa demanda, que inclui serviços de entretenimento e sociais, poderá ser atendida também por sistemas satelitais com órbitas mais baixas. "A órbita média já é uma realidade, já tem plataformas utilizando isso com latência bem menor do que os famosos 650 ms da geoestacionária, ficando entre 140 e 150 ms. Na LEO, vai ser na faixa de 20 ms, às vezes melhor até do que algumas conexões de fibra", argumenta.
O representante da KVH enxerga oportunidade também para redes de Internet das Coisas sensíveis à latência e que também demandam maior capacidade de banda, como monitoramento de vídeo permanente. "O satélite LEO vai trazer grandes vantagens", coloca.
Mercado
As oportunidades são fartas, segundo pesquisa da Euroconsult trazida por Rubinsztajn. O universo do mercado, sem considerar plataformas, conta com 159,8 mil navios, sem incluir pequenos navios e de pesca. A receita de conectividade VSAT desse mercado foi de US$ 1,4 bilhão em 2019, e deverá chegar a US$ 2 bilhões em 2023, pulando para US$ 2,39 bilhões em 2029. Quase metade disso será para navios mercantes, conforme indica o gráfico abaixo:
Segundo os dados da Euroconsult, o impacto da pandemia trouxe maior necessidade e requerimento da conectividade por VSAT:
- Para 69%, a velocidade da digitalização foi acelerada com a covid-19;
- 50% sentiram que demanda de banda crescendo;
- 87% dizem que fornecedores de VSATs precisam inovar para continuar crescendo;
- 23% dizem estar efetivamente analisando dados coletados;
- Das aplicações atualmente implantadas, 30% são de navegação; 15% de vídeo conferência; 27% de performance do navio; 24% de segurança; 3% de seguro; e 27% de bem estar (lazer), o que é um dos maiores requerimentos.
No total, o mercado marítimo é uma oportunidade de US$ 4 bilhões em receita até 2029, saindo dos atuais US$ 2,8 bilhões. Já o de óleo e gás sairá de 9,3 bilhões e chegará a US$ 17 bilhões.