Broadcast, 5G e mobilidade: os desafios das principais operadoras de satélite no Brasil

As operadoras de satélites com operação no Brasil projetam um cenário competitivo, econômico e regulatório bastante atribulado para os próximos meses. Durante o encerramento do Congresso Latinoamericano de Satélites nesta terça-feira, 6, algumas das principais empresas do setor compartilharam apostas e desafios após o forte impacto do covid-19.

Segundo o diretor executivo da Embratel StarOne, Gustavo Silbert, ainda que o reflexo global da pandemia tenha sido gigantesco, uma recuperação é vista desde julho no mercado. Neste sentido, a operadora relata mais clientes hoje do que em março, e uma certa "proteção cambial" gerada por contratos internacionais pagos em moeda estrangeira.

Em paralelo, a empresa ainda reforçou as altas expectativas para o lançamento do Star One D2, em 2021, e comemorou uma maior integração comercial com a Claro (também parte do grupo América Móvil), permitindo assim uma oferta integrada de capacidade e serviços digitais.

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Broadcast

VP de Vendas para América Latina da SES, Jurandir Pitsch também citou impactos da pandemia e lembrou que muitos clientes foram severamente afetados pelo cenário, como empresas de viagens e turismo – influenciando assim o valor das operadoras em bolsas e a confiança de investidores. Segundo ele, o segmento de broadcast de esporte da SES chegou a cair 90% nos dois meses mais críticos da crise.

Pitsch ainda pontuou que as rápidas mudanças de hábito do cliente final devem acelerar a transformação do consumo de vídeo. No momento, movimentos importantes já estariam ocorrendo e diminuindo o número de canais entregues via satélite. Entre eles, a consolidação de players como Fox e Disney, e clientes que estão desativando canais SD, mantendo apenas o HD.

General manager da Eutelsat Brasil, Rodrigo Campos também citou desafios e afirmou que o Brasil precisa acelerar medidas para destravar investimentos, inclusive em satélites. Por outro lado, o executivo notou que em agosto, os dados da TV por assinatura no Brasil indicaram estabilidade, o que seria uma boa notícia após anos de derretimento dessa base.

Mobilidade

Por outro lado, o executivo também destacou o colapso da emergente vertical de mobilidade durante a crise do covid-19 – uma vez que os setores aéreo e marítimo foram fortemente impactados. O impacto na vertical foi igualmente citado pelo general manager da Intelsat, Márcio Brasil – que ainda assim reforçou o interesse da empresa na área.

Márcio Brasil ainda comentou o processo de reestruturação financeira atravessado pela operadora: segundo ele, o movimento foi bem visto pelo mercado e deve resultar em uma Intelsat mais preparada para novos investimentos. Entre eles, a limpeza da banda C nos EUA e o lançamento de novos satélites definidos por software.

Um impacto na mobilidade também foi destacado pelo general manager da Telesat Brasil, Mauro Wajnberg. Reportando ritmos diferentes de retomadas entre os países, o executivo ainda abordou a estratégia da empresa para os próximos anos. Ela passa pelo lançamento de uma constelação de satélites de baixa órbita (LEO) no ano que vem, com operação comercial a partir de 2023. O governo do Canadá é um dos clientes já acertados.

5G

Segundo Wajnberg, o formato LEO deve levar vantagem no atendimento de demandas 5G. Durante o debate, outras abordagens em MEO (satélites de média órbita) e GEO (geoestacionários) foram defendidas como possibilidades viáveis para demais aplicações de quinta geração.

A Hispamar, por exemplo, vai seguir investindo em GEO de olho no mercado de backhaul 5G e está aberta para parceiros que ofereçam plataformas para entrega de soluções, de acordo com o chairman, Clóvis Baptista. Durante o debate nesta terça-feira, Baptista ainda pediu um "pacto de governabilidade" no Brasil que facilite o caminhar de mudanças estruturais.

Managing director para Américas da ABS, Estevão Ghizoni também reforçou a aposta da empresa no modelo de satélites GEO – mas neste caso, com artefatos de pequeno porte, também definidos por software e capazes de atender verticais 5G. Por outro lado, o executivo fez um alerta para colegas sobre o cenário macroeconômico. "Temo que a gente ainda não tenha visto o pior da crise", afirmou Ghinozi.

TVRO

Naturalmente, a necessidade de uma solução para a convivência entre sistemas TVRO e o 5G no Brasil também foi assunto de discussão. Enquanto a Eutelsat afirmou que existem modelos viáveis para migração à banda Ku de canais hoje alocados na banda C, a Embratel Star One alegou que o tema nem deveria estar em discussão, uma vez que a mitigação de 5G e TVRO na banda C seria mais barata e localizada; ainda assim, a empresa reforça estar preparada para qualquer cenário. Já para a Hispamar, este é o maior risco regulatório que paira sobre o setor.

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