Para governo, indústria de satélites deveria fazer esforço para aderir ao PNBL

Para o governo, o uso da capacidade satelital será essencial para atender cerca de 1,28 mil municípios que não serão atendidos pela infraestrutura física da Telebrás de banda larga. "O satélite tem uma capilaridade única e é resistente a catástrofes", lembrou Maximiliano Martinhão, secretário de telecomunicações do Ministério das Comunicações, em palestra durante o Congresso Latinoamericano  de Satélites, organizado pela Converge Comunicações e pela revista TELETIME esta semana, no Rio de Janeiro. "O satélite deverá atender 24,4 milhões de pessoas em áreas remotas e não aglomeradas. E chegará a 1,283 municípios tendo o satélite como backhaul. Enquanto a rede não chegar, vai por satélite, com envolvimento de empresas públicas e empresas privadas", disse, ao explicar as razões de o governo estar incluindo uma parte de comunicação no programa do Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB). Martinhão lembrou que hoje já existem, inclusive, projetos comerciais de atendimento a áreas remotas com banda larga via satélite montados pela iniciativa privada, mas que o governo tem uma grande necessidade de estar presente com o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) em todo o Brasil, e que por isso ter um satélite próprio, em conjunto com o segmento da defesa, faz todo sentido. O orçamento para o primeiro satélite, no valor de R$ 713 milhões, já está previsto no Plano Pluri Anual (PPA) e no orçamento de 2012.

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A opção do governo foi então a de aproveitar o desenvolvimento de um satélite geoestacionário para projetos de defesa em banda X e incluir nesse projeto capacidade para transmissão de dados comercial, apenas em banda Ka. "Abrimos mão de ter bandas Ku e C justamente para não nos colocarmos como competidores das empresas que já operam", disse Paulo Kapp, gerente de tecnologia da Telebrás, ressaltando que a Telebrás será a operadora dessa capacidade satelital, mas que não pretende competir em outros serviços que não sejam a oferta de capacidade de dados para regiões carentes de infraestrutura. "É importante lembrar que a Telebrás não oferecerá acesso via satélite a ninguém, a não ser que não haja mais ninguém interessado", disse Martinhão.

Para o secretário de telecomunicações, as empresas de satélite, se quiserem, podem inclusive aderir ao PNBL e assumirem o compromisso de oferta de capacidade a R$ 35 por 1 Mbps, como estão fazendo as empresas de celular.

"O problema é que com a tecnologia de satélite, nessa velocidade, é impossível oferecer acesso a R$ 35", disse Russel Ribeiro, VP comercial da Gilat na América Latina.

Paulo Kapp  lembrando que as operadoras de satélite têm margens EBITDA altas e que para chegar nesses valores previstos pelo PNBL, é preciso trabalhar com margens menores. "No nosso caso, a oferta tem uma margem mínima, mas é viável economicamente", disse, ressaltando que o investimento na capacidade satelital não está nessa conta, já que esse é um investimento estratégico do País.

Maximiliano Martinhão também lembrou que a iniciativa privada viabilizou no Brasil uma oferta de TV via satélite que atende hoje mais de 20 milhões de pessoas gratuitamente. "Existem formas de fazer essa inclusão", concluiu.

Para Paulo Kaap, um dos desafios que terão que ser vencidos diz respeito ao cronograma, já que o satélite geoestacionário tem prazos longos de projeto, produção, preparação para o lançamento e testes antes de entrar em operação. O governo quer estar com o satélite operante até 2014. "O prazo é muito apertado, mas ainda é possível. Parte do projeto já está bastante avançada porque o trabalho não vem de hoje. Além disso, já fizemos uma RFI confidencial para algumas empresas fornecedoras e a contratação de algumas partes do satélite deve ser feita ainda este ano", disse Kapp, lembrando que a indústria nacional será fortemente convidada a participar, "se não obrigada", brincou.

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