Operadoras de satélite não devem recorrer à UIT para assegurar posições orbitais, alerta Anatel

Uma repreensão pública da Anatel causou surpresa aos operadores de satélite presentes ao Congresso Latino-americano de Satélites, encerrado nesta sexta, 6, no Rio de Janeiro. Jarbas Valente, vice-presidente da agência, chamou a atenção para o fato de que algumas empresas com posições orbitais brasileiras estariam buscando a UIT, por intermeio de outros países, para assegurar essas posições quando vencer o prazo legal do tempo de exploração. Valente disse que uma dessas autorizações vence em 2020.

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Segundo Valente, algumas empresas, por "receio ou esperteza", estão buscando outras formas de assegurar essas posições depois. "Não é por aí. O conselho que eu dou a essas empresas é que procurem a Anatel", disse ele, sem dar nome aos bois. Segundo ele, uma das empresas que teve essa atitude já voltou atrás. A outra ainda não, e deve ser objeto de um Processo Administrativo de Apuração de Descumprimento de Obrigação (Pado), afirmou Valente.

A surpresa de muitos operadores foi grande. Eles confidenciam que de fato a Anatel, por seguir um processo longo de licitação de cada posição orbital, é muitas vezes lenta em assegurar ao Brasil as posições necessárias. "Hoje, se a Anatel não ficar esperta, a China vai lá e solicita à UIT todas as posições e frequências para si", diz uma fonte.

Outros observadores lembram que esse tipo de atitude pode ter consequências sérias. A Star One, por exemplo, no começo dos anos 2000, fez algo parecido. Interessada em assegurar a posição 65oW, e limitada por uma regra da Anatel que a impedia de participar de licitações para posições brasileiras, tentou assegurar a posição 67oW através da Colômbia, para um satélite que se chamaria Andesat. A Anatel, então, alertou a empresa que se fizesse isso não teria a autorização de descida do sinal no Brasil (landing rights). Com isso, a empresa teve que recuar da estratégia.

Todos concordam, contudo, que existe uma crescente demanda por posições e espectro satelitais, e que a Anatel deveria encontrar uma forma de agilizar o processo de licenciamento dessas posições.

Outro risco apontado pelos operadores diz respeito ao desequilíbrio entre ter uma posição brasileira e operar a partir de uma posição estrangeira. Se no passado as garantias de coordenação e proteção contra interferência justificavam as posições brasileiras, que também tendem a ser mais bem localizadas, por outro lado as recentes obrigações de cobertura colocadas nos editais podem criar distorções e fazer as posições estrangeiras ainda mais vantajosas para exploração no Brasil.

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