Entenda a derrota do Google em caso antitruste no mercado de buscas

Imagem: BM Amaro/Pexels

A Alphabet, dona do Google, foi derrotada em uma disputa nos Estados Unidos por violar regras da lei de defesa concorrencial americana. A decisão tomada na última segunda, 5, foi interpretada como um sinal de possível pressão regulatória crescente sobre as big techs.

O processo antitruste em questão contra o Google foi iniciado em 2020 pelo Departamento de Justiça dos EUA, juntamente com 11 estados americanos. Nas linhas a seguir, entenda os principais pontos dessa discussão – que pode criar precedentes para novas disputas envolvendo big techs e leis de práticas anticompetitivas.

O juiz Amit Mehta, do Tribunal Distrital de Columbia, justificou a decisão tomada na segunda-feira, 5, afirmando que a big tech se utilizou do poder que tem no mercado para sufocar concorrentes e favorecer os próprios serviços em plataformas.

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A conclusão foi de que a empresa violou regras da Lei Antitruste dos Estados Unidos "ao manter um monopólio em dois mercados de produtos nos Estados Unidos (serviços de busca geral e publicidade de texto geral) por meio de acordos de distribuição exclusiva".

Segundo o tribunal, a Alphabet pagou mais de U$ 26 bilhões para que fabricantes de celulares (como a Apple) definissem o Google como o buscador padrão nos dispositivos. Os pagamentos foram realizados por meio de divisão de receitas ou participação nos lucros.

Essa abordagem, segundo o juíz, representou um desequilíbrio de mercado entre o Google e outros serviços concorrentes de busca na Internet. Na avaliação de Mehta, a empresa impôs barreiras para uma competição justa no segmento de buscas.

Android

Além disso, outro fator relevante que contribuiu para a derrota da big tech na justiça americana foram os contratos de distribuição de aplicativos móveis (MADA). Trata-se de uma espécie de licença que autoriza os fabricantes a embarcarem o sistema operacional Android em smartphones e tablets, por exemplo.

"O Google firmou contratos de distribuição de aplicativos móveis, ou MADAs, com todos os fabricantes Android, incluindo Motorola e Samsung, entre outros". Apesar da empresa não cobrar pelo uso dos serviços móveis do Google, a big tech exige que essas fabricantes "pré-carreguem certos aplicativos em posicionamentos de destaque".

Além dos 11 aplicativos do Google que vêm pré-instalados nos celulares Android, seis deles, incluindo o Google Search e o navegador Chrome, não podem ser desinstalados pelo usuário – afirmou a decisão. 

Precedente

Essa decisão contra o Google observou precedentes de um caso antitruste contra a Microsoft nos anos 2000. Naquela época, a dona do Windows foi acusada de abuso de monopólio no mercado de navegadores ao vincular o Explorer no seu sistema operacional, prejudicando concorrentes como o Netscape Navigator.

Assim como como interpretou o juiz Mehta na recente decisão envolvendo Google, a justiça americana, no início dos anos 2000, também entendeu que a prática da Microsoft limitava a concorrência e a inovação no setor. Derrotada na justiça, a Microsoft foi proibida de manter a conduta vista como anticompetitiva.

Google responde

Conforme noticiado pelo Mobile Time, a companhia divulgou uma nota oficial comentando o assunto pouco tempo após a decisão do juiz. Em tom de ironia, a empresa afirmou que vai recorrer. "A decisão reconhece que o Google oferece o melhor motor de busca, mas conclui que não deveríamos ter deixado seu acesso fácil [para os usuários]", informou a empresa.

"Agradecemos à Corte por reconhecer que o Google é 'o mecanismo de busca de maior qualidade da indústria, que conquistou a confiança de centenas de milhões de usuários diários', que o Google 'tem sido há muito tempo o melhor mecanismo de busca, especialmente em dispositivos móveis', 'continuou a inovar na busca' e que 'Apple e Mozilla ocasionalmente avaliam a qualidade da busca do Google em relação aos seus concorrentes e consideram a do Google superior.' Dado isso, e considerando que as pessoas estão cada vez mais buscando informações de maneiras variadas, planejamos recorrer. Enquanto esse processo continua, permaneceremos focados em criar produtos que as pessoas considerem úteis e fáceis de usar" – disse o presidente de assuntos globais do Google, Kent Walker.

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