IPTV é para quem pode, DTH para quem precisa

Para o pequeno provedor de Internet (ISP), a possibilidade de oferecer serviço de TV está atualmente com duas vertentes: por satélite (DTH), que oferece maior cobertura em regiões remotas; e por fibra (com IPTV), infraestrutura que tem se tornado cada vez mais barata e que garante maior capacidade alinhada com estratégia de banda larga. Há os dois tipos de caso, e opiniões divergem de acordo com a experiência de cada empresa, como foi discutido durante o último dia do Congresso e Feira ABTA 2015, em São Paulo, nesta quinta-feira, 6.

O consultor e ex-CEO da iON TV e da associação de operadores regionais Unotel, Alexandre Britto, defende a utilização do satélite ao justificar que a maior parte dos provedores que não pode contar com uma infraestrutura de fibra. "Mesmo que tenha (capilaridade de fibra), ainda há clientes que são rádio, e eles não vão poder tirar proveito algum do IPTV. Acho que a curto e médio prazo, a solução ainda é o DTH", declarou ele.

Britto explica que, quando foi aprovada a Lei do Serviço de Acesso Condicionado (SeAC), houve expectativa grande de poder concorrer com grandes operadoras, mas que isso foi "um grande erro" – a sugestão agora é "começar pequeno, pensando pequeno, para ter potencial de entrada no cliente final". É uma estratégia de poder competir com um triple-play, ainda que começando "com caixa bem baratinha, lineup bem enxutinho". Na avaliação do executivo, é inviável para um ISP instalar um DTH ou headend de maneira individual, precisando de um agente "agregador, não só no sentido tecnológico de enviar sinal de satélite, mas de fazer negociação de conteúdo, sistema próprio, negociação em escala para equipamento e set-top box".

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O presidente da Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações (Abrint), Erich Matos Rodrigues, diverge dessa posição. Para ele, o DTH é "mais como solução de contenção do que propriamente como negócio; quem está fazendo é para ser triple-play". O executivo diz ter dúvidas se não seria melhor oferecer a tecnologia como um negócio sustentável, e não apenas como argumento de retenção.

Rodrigues afirma que há 2,2 milhões de acessos fornecidos por ISPs, sendo 75% com rádio ("mas esse número já foi de 90%"). Desse total, 500 mil seriam de fibra, ou de fibra até o poste. "E o número vem crescendo, já existem clientes registrados na Anatel em 152 cidades atendidas com fibra", destaca. Vale lembrar a afirmação do diretor geral da associação NeoTV, Alex Jucius, na quarta-feira, 5, quando disse que os ISPs já superam as grandes operadoras na quantidade de fibra adquirida de fornecedores.

Fibra é carne de vaca

Uma das operadoras que comemora a infraestrutura ótica é a Life, operadora de Marília e mais sete cidades do interior de São Paulo que investe em fibra até a residência (FTTH) e, por meio dessa rede, IPTV em três dos municípios atendidos. O presidente do ISP, Luis Eduardo Martins, explica que não foi uma decisão simples escolher a plataforma, e houve atropelos com problemas de firmware, atualizações, fornecedores e modelos. "Mas hoje a gente conseguiu amadurecer e para nós temos 1.000% de certeza que acertamos no modelo", assegura. Segundo o executivo, os assinantes destacam a qualidade de imagem, rendendo uma nota 9,13 segundo auditoria interna. A companhia tem parceira com a Cianet para desenvolvimento e fornecimento do set-top box e seu sistema.

Martins acredita que a infraestrutura ótica tem proporcionado resultado, recomendando esse modelo (que também utiliza headend compartilhado) para pequenos provedores. "Eles realmente estão construindo rede, vão poder ter serviços de IPTV de qualidade e tenho certeza absoluta de que esse é o futuro", declara. "Fibra tem se tornado carne de vaca (no universo dos pequenos provedores)", completa.

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