A eventual transferência de controle da Nextel Brasil para a AINMT prevê não apenas o aporte de US$ 200 milhões caso o grupo norueguês opte por completar toda a operação, mas um total de US$ 600 milhões em capital para obter geração de caixa positiva e sustentável na operadora brasileira. Esses recursos adicionais viriam de cerca de US$ 100 milhões em caixa da tele no País e mais US$ 300 milhões da própria controladora atual, a Nii Holdings, divididos em US$ 200 milhões de caixa e mais US$ 100 milhões obtidos com a liberação de uma conta de garantias (escrow) referente à venda da Nextel México. A própria Nii ficará com mais US$ 50 milhões para manter suas operações, como despesas com funcionários e com custos para a transação. O detalhamento foi passado para o mercado durante teleconferência nesta terça-feira, 6.
Perguntado qual a vantagem para a atual controladora em investir mais e ficar com menor participação na Nextel, o CEO da Nii, Steve Shindler, afirmou que além da injeção de capital, há a questão da experiência da norueguesa com a operadora móvel doméstica Ice em maximizar o crescimento em dados. Diz ainda que os US$ 600 milhões eram necessários para voltar a apresentar crescimento na base 3G e LTE, além de gerar caixa, aumentar a margem e apresentar lucratividade. "E isso em conjunto com os US$ 200 milhões que temos, combinado com um plano para nos colocar nesse caminho", declara. "Poderíamos fazer com menos caixa? Sim, mas ficamos sentados conversando e acreditamos que esse tanto (é o necessário) para o expertise para o futuro", completou. Shindler não tem expectativas para distribuição de dividendos, ao menos por enquanto.
As empresas também ressaltaram que esperam que a primeira fase, na qual a AINMT fecha o aporte inicial de US$ 50 milhões por 30% de participação, seja concluída já em julho. Também está previsto um prazo de 60 a 90 dias para a negociação com bancos para alongar os prazos das dívidas. Segundo o CFO da Nii, Daniel Freiman, esse diálogo com os bancos brasileiros está se desenvolvendo mais rápido do que com os chineses. "O processo de aprovação deles é fora do nosso controle, mas eles têm que passar por tudo e esse fluxo de trabalho leva um pouco mais de tempo", afirma.
A Nii Holdings confirmou ter conversado com outros interessados na Nextel Brasil, mas não chegou a haver uma oferta concreta. E também não havia preferência entre uma venda total do ativo ou um investimento para deter e operar a tele em conjunto, como foi o caso escolhido com a AINMT. "Estávamos olhando todas as opções estratégicas, era mais para ver o que é melhor para criar valor para acionistas e ter uma boa combinação para juntos construirmos a capacidade financeira e dar recursos aos negócios da Nextel Brasil", declarou Freiman.
Compromissos
O CEO da AINMT, JD Fouchard, garantiu que o compromisso do grupo norueguês é duradouro. "Somos operadores de rede, não somos investidor de curto prazo, estamos definitivamente em longo prazo e esperamos estar no Brasil por muitos anos", disse. O executivo afirma enxergar boas oportunidades para o mercado em dados móveis no País e assegurou que manterá o atual CEO da Nextel, Roberto Rittes, na liderança da operação. "Ficamos felizes com Roberto e a experiência que ele tem para capturar a essência dessa parceria com orientação a dados, acreditamos que ele tem a liderança certa para maximizar a oportunidade", afirmou Fouchard.
Após a aprovação da primeira fase, espera-se que a AINMT coloque dois membros no conselho da Nextel, ainda pendendo sinal verde da Anatel. Com a eventual opção da segunda fase, a norueguesa amplia ainda mais a participação no conselho.
Com US$ 600 milhões em caixa, pode-se até vislumbrar uma luz no fim do túnel; o que são US$ 200 milhões para uma empresa endividada e que atual basicamente no eixo RJ x SP? Agora se contar com a expertise da empresa norueguesa e futuros recursos ($$$), quem sabe né!? Para nós consumidores é sempre bom mais um player (forte), do que menos um.