6 GHz é questão de vida ou morte para ISPs, afirma segmento

CEOs de provedores regionais durante o evento Warm-Up

O segmento de provedores regionais de Internet (ISPs) não desistiu do uso da faixa completa de 6 GHz para o Wi-Fi, mesmo após a Anatel bater o martelo no final de 2024 e destinar metade do espectro para as operadoras móveis. As empresas de banda larga, contudo, enxergam o tema como uma questão de "vida ou morte".

A leitura ficou evidente durante o evento Warm-Up, que reuniu alguns dos principais provedores de Internet do País em São Paulo nesta terça-feira, 6. No painel de encerramento do encontro, as provedoras Alares, Desktop, Proxxima e Zaaz foram uníssonas ao apontar a relevância do 6 GHz no futuro da cadeia.

Para Denio Alves, CEO e sócio-fundador da Desktop, essa seria nada menos que uma "questão de vida ou morte" para os ISPs. Para ele, o segmento não pode aceitar a mudança no uso da faixa que estaria sendo "empurrada garganta abaixo" pela Anatel. Do contrário, haveria o risco de não existirem mais provedores regionais competitivos dentro de cinco ou 10 anos.

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CEO da Zaaz, Cristiano Santana seguiu a mesma linha, mas projetando que a mudança na destinação do 6 GHz pode ser prejudicial para as pequenas operadoras já dentro de um ou dois anos. O executivo conclamou uma mobilização de provedores em torno do tema e fez uma diferenciação entre Brasil e mercados da Ásia e Europa que decidiram dividir a faixa.

"Não dá para comparar o nosso modelo de banda larga fixa com o do restante do mundo. Aqui, 50% do mercado é atendido por provedores", declarou Santana, sublinhando a diferença do cenário pulverizado com mercados como a China. Ao dividir a faixa com a indústria móvel, a Anatel aponta estar se alinhando à experiência internacional de uso do  6 GHz.

Reserva de espectro

Já Leonardo Gomes, CEO da Proxxima, lamentou o que classificou como uma "reserva de mercado" do espectro para as operadoras móveis, "que nem sabem se vão usar" a faixa de 6 GHz. Como apontado por TELETIME, as grandes operadoras móveis não têm pressa para um leilão do recurso, que por elas poderia ocorrer apenas no final da década.

Já para os provedores, o uso da faixa seria urgente, dado que a operação do Wi-Fi nas faixas atuais (2,4 GHz e 5 GHz) já seria complexa. Segundo Gomes, o 2,4 GHz já se tornou inutilizável por conta de interferências, algo que seria evidenciado sobretudo em grandes eventos ou áreas mais densas.

CEO da Alares, Denis Ferreira também lamentou o cenário de "reserva de mercado" e o baixo apetite das grandes por um leilão imediato do espectro. Ele ainda questionou o argumento de que os ISPs não fizeram uso da faixa a partir de 2021 (quando o 6 GHz foi destinado ao setor); ele aponta que, durante a pandemia, o foco do setor foi a expansão de redes para novas localidades.

Ferreira também indicou que o segmento segue lutando em Brasília para que a decisão de divisão da faixa pela Anatel seja repensada, uma vez que o espectro para Wi-Fi seria o "oxigênio" para os ISPs. No ano passado, a Alares foi uma das empresas que apostou em demonstrações do uso completo da faixa de 6 GHz, como mostrado por TELETIME.

Um último passo para trás

Ainda durante o Warm-Up, Denio Alves, da Desktop, chegou a propor um caminho de meio termo para o impasse: que a Anatel faça o leilão do 6 GHz para as operadoras móveis, mas reservando o uso indoor (em ambientes fechados) da faixa para o Wi-Fi dos ISPs.

Segundo ele, esta alternativa não seria tecnicamente fácil, "mas é último passo para trás" que o segmento de provedores pode dar. "Mais do que isso é decretar a morte dos ISPs lá na frente, para o mercado se concentrar novamente na mão das grandes operadoras".

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