Com Yahsat, Hughes espera ser player relevante em banda larga no Brasil

Presidente da Hughes Brasil, Rafael Guimarães

A joint-venture entre Hughes e Yahsat anunciada nesta segunda, 6, será uma forma de as empresas ganharem escala com a junção de capacidade de banda Ka para competir no mercado de banda larga. Segundo disse a este noticiário o presidente da Hughes Brasil, Rafael Guimarães, a ideia é combinar "todos os ativos e recursos embaixo de uma empresa só – a Hughes". Assim, pretendem concentrar esforços para ter "musculatura suficiente e volume para competir com tecnologias que não sejam de satélite".

O executivo explica que, baseado na experiência da operadora nos Estados Unidos, o negócio só é viável se atingir muito volume. Individualmente, as empresas consideravam o desempenho satisfatório, mas sem maior relevância no mercado de banda larga em geral. "Players pequenos, como a Hughes e a Yahsat sozinhas, têm mais dificuldade de ter um desempenho adequado. No negócio de banda larga via satélite, o volume é a palavra chave. Precisa ter volume para ser um player relevante", afirma.

A divisão da JV no Brasil será de 80% para a Hughes e 20% para a Yahsat. Trata-se justamente de uma proporção inversa ao da joint-venture semelhante na África, Oriente Médio e Ásia Ocidental na qual a Yahsat tem 80% e a Hughes, 20%. Guimarães diz que foi a partir deste primeiro acordo que começaram a negociar o mesmo no Brasil. A experiência internacional tem "validado um conceito", juntando a capacitação e ativos. "A gente está vendo resultados, em termos de melhor atendimento ao mercado, uma vez que lá são vários países pequenos. Estamos vendo que a empresa já está no rumo e com um direcionamento muito mais claro", declara.

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As sinergias esperadas no Brasil trazem expectativas grandes. Perguntado se a joint-venture resultaria em enxugamento das operações no País, Guimarães respondeu: "A ideia é crescer. De fato, fazer algo em que 2 + 2 dê 5, que a gente fique mais competitivo no mercado por ter a capacidade de crescer ainda mais".
Haverá com o tempo uma consolidação das plataformas tecnológicas ( a Yahsat utiliza tecnologia da Newtec), mas como a base da Yahsat é pequena, isso não será um problema.

Ainda é cedo para falar, ele diz, mas existe a possibilidade de a marca da Yahsat deixar de ser utilizada no mercado brasileiro. 

Com isso, as empresas esperam também oferecer uma concorrência maior no próprio mercado satelital, que já prometia esquentar neste ano. "Como player grande tendo escala, a gente tem outros concorrentes no Brasil, como Hispasat, Telebras e Viasat, que chegará [com satélite próprio] em 2020 ou 2021", analisa.

Preço e capacidade

Juntas, Hughes e Yahsat passarão a contar com 65 Gbps de capacidade em banda Ka, o que deverá ser significativamente incrementado com o lançamento do Jupiter 3, em 2021.A capacidade destinada ao Brasil desse satélite de ultra capacidade ainda não está definida, contudo. Apesar do aumento do throughput, não será o caso de permitir uma oferta sem limite de franquia, o que ele diz ser apenas uma "jogada de marketing" restrita a certas áreas ou regiões restritas onde não há demanda suficiente.

Porém, parte desta estratégia baseada em volume também é a de preço. Rafael Guimarães diz que a escala permitirá "operar bem e oferecer mais capacidade com um preço menor". Ele reforça que as empresas só conseguirão ser relevantes no mercado ao poder utilizar a escala combinada, ofertando "mais por cada vez menos". Vale lembrar que a Anatel apresentou ao Senado em abril agenda legislativa na qual menciona a redução do Fistel para VSATs. Caso a proposta seja aprovada, a redução dos tributos poderá impactar também o preço final ao consumidor no mercado em geral.

A transação entre Hughes e Yahsat não envolveu dinheiro, mas apenas troca de ações (já aprovada pelos respectivos conselhos), e deverá ser completada até o final do ano, conforme a expectativa das empresas. Ainda são necessárias as aprovações do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e da Anatel, mas fontes da agência, numa análise preliminar, não enxergam nenhum grande problema que possa impedir a consolidação.

Facebook

A joint-venture também funcionará no contexto da parceria da Hughes com o Facebook anunciada na semana passada. A negociação com a rede social estava sendo trabalhada há pelo menos seis meses, mas a ideia principal era poder unificar as várias operações de Wi-Fi Comunitário da operadora no mundo com a mesma plataforma. Assim, o Facebook atuará como um provedor de tecnologia, sendo um fornecedor com a plataforma Express Wi-Fi.

Novamente, a intenção é ganhar escala. "A Hughes já presta serviço de Wi-Fi com parceiros, mas não existia uniformização da plataforma; em cada lugar do mundo a gente usava um sistema diferente, proprietário ou local. O Facebook entrou como plataforma padronizada e consolidada, e assim podemos replicar mais fácil", declara. A rede social poderá aparecer como parceiro tecnológico na oferta, para "ajudar a popularização", mas todo o serviço será provido pela Hughes em parceria com o provedor regional.

4 COMENTÁRIOS

  1. Com franquia nunca fará sucesso. Os grandes players são míopes e lá de cima de seus prédios não conseguem enxergar que os pequenos operadores via rádio (e agora também fibra) já estão dominando todo interior do Brasil com preços competitivos e qualidade melhor que via satélite

  2. Ruim para o consumidor. Menos competição e maior força para o monopólio que a Hughes tem com clientes pessoa física. Não vejo a hora de cancelar meu plano de internet da HughesNet.

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