Desde as eleições presidenciais do ano passado, o aplicativo agregador de notícias (e que reformata a diagramação com visual que remete a revistas impressas) para tablets e smartphones Flipboard está de olho no Brasil. "Notamos duas pessoas que eram muito influentes no País, (os então candidatos) Dilma (Rousseff) e Aécio (Neves), e tomamos vantagem disso com os bastidores da política, o que gerou conteúdo", explica o head de conteúdo latino da companhia, Joe Kutchera.
O executivo conta que a editora do Flipboard para o Brasil, Carolina Freire, selecionou algumas revistas digitais – ou seja, a formatação do feed de RSS de notícias – com o assunto, o que chamou atenção da empresa. "Os brasileiros estavam indo atrás, e foi oportunidade para partidos e candidatos, então vimos que poderíamos selecionar conteúdo sem pender para um dos lados, sendo informativo", disse ele a este noticiário.
A empresa pretende investir em representação comercial no País, procurando parceiros para começar a por em prática o modelo de monetização para geradores de conteúdo. "Esta é a minha primeira viagem ao Brasil, antes cuidava apenas dos países de língua espanhola na América Latina", diz Kutchera. "Nos Estados Unidos temos nossa própria equipe de vendas, mas aqui estamos começando, aprendendo mais sobre o mercado."
O Flipboard já utiliza alguns exemplos de revistas digitais criadas por brasileiros, como da Editora Abril e do R7. A ideia é possibilitar receita por meio de publicidade para essa formatação de conteúdo, utilizando como molde as peças que são veiculadas nas revistas impressas, com maior percepção visual. "É como uma peça de página inteira em revistas; leitores gostam da publicidade nelas porque é bonita. Então nossa meta é que a publicidade se torne bonita novamente". A empresa conta com parceria com outros produtores de conteúdo jornalístico, como The Guardian, New York Times e a Time Magazine.
Sorte
Joe Kutchera, que palestrou nesta quarta-feira, 6, na 14ª edição do Tela Viva Móvel, em São Paulo, reconhece que o sucesso inicial do Flipboard foi uma questão de sorte. Segundo explica, um dos fundadores da empresa era ex-engenheiro da Apple e trabalhou no iPhone original. Contatos dentro da empresa de Cupertino vazaram para ele o lançamento do primeiro iPad, então o aplicativo foi um dos pioneiros no tablet. Kutchera diz, no entanto, que apesar disso (e de uma iminente versão para o Apple Watch), a desenvolvedora tem hoje uma relação mais forte com a Samsung, por conta da posição de liderança da empresa em celulares. "Os tablets podem ter mais tempo de uso (do Flipboard) e smartphones tem visitas mais curtas, mas são mais visitas", destaca.