Um levantamento da S&P Global Market Intelligence sobre o calendário global de leilões 5G calculou que, entre os países que planejam certames a partir de 2021, apenas 16 têm planos de disponibilizar espectro em ondas milimétricas (mmWave), ou acima de 24 GHz.
Entre eles estão Brasil (em 26 GHz), Chile (em 28 GHz) e Canadá (em ambas, além do 37-40 GHz e do 64-71 GHz). Neste último caso, a consultoria vê influência da experiência dos EUA, que obteve sucesso com alocações e leilões nas faixas milimétricas de 24, 28, 37, 39 e 47 GHz. A América do Norte, contudo, seria uma exceção global, afirma a consultoria.
"Além de serem novas e terem ecossistema menos desenvolvido, as bandas mmWave apresentam problemas de custo significativo relacionado à densificação da torres e ao consumo de energia que desencoraja alguns operadores", afirmou a divisão da S&P. A oficialização das ondas milimétricas para serviços móveis ocorreu em 2019.
Ainda assim, entre os países que têm as ondas milimétricas no roteiro estão importantes mercados como Austrália (26 GHz), Malásia (26 e 28 GHz) e Nigéria (26 e 37-43 GHz). Na Europa, o 26 GHz é o caminho preferido entre as opções milimétricas, mas sobretudo em mercados secundários.
Banda média
No caso das ondas médias (entre 1 GHz e 6 GHz), a S&P calcula pelo menos 35 países com planos anunciados de leilão a partir de 2021, incluindo nove na América Latina. O calendário cheio seria reflexo da postergação, por conta da covid-19, de certames previstos para 2020. É o caso de França, Portugal e Bélgica, entre outros.
Já o mercado brasileiro foi citado como exemplo da busca por alternativas frente ao adiamento de leilões. "Algumas operadoras, como as do Brasil, tornaram-se engenhosas: na ausência de alocações, elas adotaram o compartilhamento dinâmico de espectro (DSS)", afirmou a consultoria, citando a utilização de espectro legado do 4G. Vale observar que a cobertura do 5G DSS no Brasil ainda é limitada a determinadas regiões dentro de algumas cidades.
Em paralelo, EUA e Hungria foram alguns mercados que concluíram a disponibilização de espectro em banda média já em 2021. A opção (especialmente o 3,5 GHz) é a mais popular para serviços 5G por conta do equilíbrio entre cobertura e capacidade possibilitada.
Banda baixa
No caso das bandas baixas (abaixo de 1 GHz), foram mapeados 32 países com planejamento de leilões, sendo sete na América Latina. Entretanto, parte dos processos terá caráter neutro, com uso liberado para outros serviços além do móvel e também para o 4G.
Além do Brasil, Índia, África do Sul, Espanha, Reino Unido e Paquistão são alguns dos que possuem planos de disponibilização ainda neste ano; em certos casos, capacidade em 800 e 900 MHz também estará em jogo, além do popular 700 MHz. Já o México e Hong Kong optaram pela faixa de 600 MHz.