MPF recorre ao TCU contra informe sobre multas altas

A polêmica em torno do Informe nº 149/2008, em que a Anatel sugere que as multas aplicadas às concessionárias não cumprem o preceito da razoabilidade, ainda está longe do fim. O Grupo de Trabalho (GT) em Telefonia do Ministério Público Federal (MPF) entrou com uma representação contra a agência reguladora no Tribunal de Contas da União (TCU) levantando suspeitas sobre os motivos da autarquia para questionar seu próprio sistema de sanções. Antes de concluir a investida no TCU, representantes do tribunal e do MPF estiveram na Anatel cobrando explicações sobre o assunto e a finalização de projetos anunciados, como a criação de um Plano Geral de Metas de Competição (PGMC).
No informe, cujo conteúdo foi antecipado por noticiário em 4 de março, as gerências da Anatel apontam para um risco no setor caso as empresas se vejam obrigadas a pagar as multas já aplicadas até agora, o que, segundo o documento, "poderia impactar fortemente a capacidade econômica sistêmica, desde a capacidade de investimentos, custeio e melhoria das próprias atividades hoje acompanhadas e sancionadas, até à atratividade da exploração dos serviços como um todo". Para o procurador Duciran Farena, responsável pela representação, o documento é um "balão de ensaio" que pretenderia testar a aceitação de uma eventual troca das multas por investimentos pelas concessionárias.
Na representação, o procurador compara a iniciativa à outra ação que tem dado dor de cabeça à Anatel: a troca da meta de implantação de Postos de Serviço de Telecomunicações (PSTs) pela expansão do backhaul. Além disso, Farena põe em dúvida a abrangência da análise feita pela Anatel para poder concluir que o pagamento das multas é um risco. O procurador destaca que o documento compara 10 anos de infrações acumuladas com apenas um ano de faturamento da concessionária analisada (Brasil Telecom), o que tornaria o material "especulativo" uma vez que não teria sido feita uma avaliação mais profunda das contas da empresa e, consequentemente, de sua capacidade econômica de arcar com as sanções.

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O procurador critica, inclusive, o fato de a Anatel ter anexado o documento nos processos em curso na agência. A conclusão de Farena é que o informe funcionaria como "um subsídio para o discurso de defesa de contumazes infratores", ao contrário de uma peça administrativa voltada para a melhoria das ações da agência no campo da regulamentação. Segundo informações oficiais, o MPF poderá tomar "outras providências" a partir da investigação solicitada ao TCU.
Suporte
Segundo apurou este noticiário, a presidência da Anatel está dando todo o suporte ao trabalho dos técnicos da superintendência de serviços públicos, pois considera importante que haja a discussão sobre a razoabilidade das multas. Prova disso, conforme também antecipou este noticiário, é que a superintendência executiva solicitou às demais superintendências da Anatel o mesmo que foi solicitado para a superintendência de serviços públicos: que fizessem estudos semelhantes sobre os critérios e sobre a razoabilidade das multas. A avaliação dos técnicos é que, agora que a Anatel tem condições de fiscalizar e multar de maneira eficiente, é o momento de avaliar se as regras estabelecidas nos primeiros anos de funcionamento da agência continuam equilibradas.

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