A quinta geração móvel no Brasil ofereceu boa qualidade para os consumidores nos locais onde a rede esteve disponível. Isso porque 99% das conexões 5G no País em 2024 experimentaram taxas adequadas para serviços de navegação web plena, como redes sociais, compartilhamento de conteúdos e uso de aplicativos gerais.
No entanto, aplicações mais complexas, como realidade aumentada (AR), realidade virtual (VR) e digital twins (DT), além de serviços corporativos de missão crítica, ainda enfrentam desafios nas redes públicas.
As informações são de um relatório produzido pelo consultor de infraestrutura digital de telecomunicações e tecnologia estratégica, Alberto Boaventura, que pode ser consultado na íntegra clicando aqui.
"Para serviços especializados e corporativos de missão crítica, a rede pública ainda enfrenta alguns desafios, suscitando a importância na complementação em projetos especiais de redes privativas 5G para os casos específicos", destaca o documento.
Na prática, a análise aponta que a maioria dos usuários de 5G desfruta de uma experiência fluida em atividades cotidianas. Mas as redes públicas ainda não estão totalmente preparadas para demandas de alta complexidade – que podem exigir velocidades entre 500 Mbps e 1 Gbps, especialmente para cenários de latência ultrabaixa.
Cobertura
"Diferentemente dos outros editais, as obrigações do leilão para a faixa de 3.500 MHz foram baseadas no adensamento gradativo de sites em função da população em cada cidade. Este modelo traz uma vantagem do uso mais eficiente dos investimentos para o 5G. Entretanto, apesar dos municípios terem uma camada de cobertura plena do 4G, com taxas quase equivalentes, o 5G ainda não possui a mesma cobertura das gerações predecessoras, podendo comprometer a experiência do usuário", aponta Boaventura.
Ainda assim, o material destaca que a tecnologia está em ampla expansão no País. Isso porque o 5G cobre mais de 50% das áreas urbanas das maiores cidades do Brasil – aquelas com mais de 100 mil habitantes. O estudo também apresenta uma visualização da evolução da rede em diferentes localidades entre 2022 e 2024.
No Rio de Janeiro, por exemplo, a quinta geração da rede móvel em 2022 ficava concentrada na Zona Sul da cidade. É lá onde se encontram alguns dos bairros mais adensados e ricos do município – como Leblon, Ipanema e Copacabana, por exemplo. Já em 2024, o mapa de cobertura ficou bem diferente e o 5G foi ampliado para novas localidades, incluindo a Zona Norte.
ROI
Do ponto de vista econômico, o ROI (retorno sobre investimento) negativo em áreas com baixa cobertura é um ponto crítico para as operadoras. O relatório aponta que "abaixo de 30% de cobertura, há um ROI negativo devido à baixa adoção e reclamações sobre conectividade".
Já em regiões com cobertura superior a 70%, a diferenciação competitiva se torna mais evidente, com operadoras se destacando no mercado. Segundo o documento, a cobertura acima de 70% dificulta a taxa de cancelamento de clientes (churn), gerando maior retenção e migração interna de clientes do 4G para planos 5G.
Já onde a cobertura é inferior a 30%, o churn é elevado. Isso pode ser explicado pela maior insatisfação dos clientes com a qualidade do serviço prestado. Como resultado, isso leva a uma "perda significativa de clientes para concorrentes com melhor cobertura".