Um modelo de negócios que seja rentável para as redes 3G depois que as operadoras pagaram um ágio bem acima do previsto para a compra das licenças ainda é uma equação em estudo e que precisa ser solucionada pelas empresas. Em paralelo à reivindicação da queda de taxas e tributos que vai tirar do setor de telecomunicações algo em torno de R$ 9 bilhões neste ano, as empresas arriscaram algumas previsões sobre o futuro modelo de negócios para a "Era 3G", que se inicia agora. As propostas foram discutidas durante o 2º Acel Expo Fórum, promovido pela Converge Comunicações e revista TELETIME, em Brasília.
Francisco Perrone, vice-presidente de regulamentação e estratégia da Brasil Telecom, disse que a banda larga fixa e móvel e novos serviços 3G compensarão a queda de acessos na telefonia fixa que está em declínio há dois anos na operadora. Para ele, a infra-estrutura da rede fixa não pode ser desprezada e deve ser modernizada para suportar as novas demandas de velocidade da banda larga. ?A banda larga móvel não pode canibalizar os investimentos feitos na rede fixa?, disse o executivo.
As diferentes formas de precificação das tarifas do serviço fixo e móvel devem ser objeto de atenção por parte dos departamentos de marketing e estratégia das empresas, na opinião do executivo. Na telefonia fixa, o usuário paga pelo uso dos minutos para voz mais uma assinatura básica. E na banda larga paga uma tarifa cheia com uso ilimitado. ?Poderíamos ter um modelo de negócio em que o serviço de voz tivesse tarifa flat, por exemplo?, diz Perrone. Para ele, novas formas de precificação devem ser pensadas para as redes 3G, onde o uso principal será o tráfego de dados, e não de voz.
Subsídio versus tarifa
Segundo João Cox, presidente da Claro, sem o pesado subsídio pago hoje pelas operadoras ao aparelho seria possível se pensar em uma tarifa flat para voz. ?Sem o subsídio eu poderia dar uma grande parte dos minutos de graça para o assinante?, disse Cox. O executivo, no entanto, reforçou que não vai deixar de subsidiar o aparelho tão cedo. ?Nossa estratégia mostrou-se vencedora, somos copiados por outras do mercado?, disse Cox.
Ele criticou o incentivo da concorrência ao desbloqueio do aparelho. ?Feito sem cuidado, com vendedores não familiarizados com a tecnologia, o desbloqueio quebra uma proteção (que envolve o chip) e deixa o usuário exposto à radiação?, diz Cox. Por enquanto, não faz parte da estratégia da Claro oferecer aparelhos desbloqueados.