O Nokia Bell Labs, laboratório de pesquisa e desenvolvimento conhecido por diversas contribuições para a indústria de telecomunicações, está completando 100 anos em 2025. E, em meio às celebrações de seu primeiro centenário, já tem bem definidos os seus próximos objetivos: instalar uma rede 4G na Lua, avançar no desenvolvimento do 6G e ajudar a promover a tecnologia quântica.
"Apesar de todas as dúvidas sobre monetização, o 6G vai vir. A base de toda essa nova tecnologia será IA [Inteligência Artificial], mas em doses elevadíssimas", afirmou Claudio Saes, consultor do Nokia Bell Labs para as Américas, em entrevista ao TELETIME, nesta quinta-feira, 6.
Segundo ele, o laboratório tem se dedicado a viabilizar soluções sustentáveis do ponto de vista da demanda tecnológica, tendo em vista que as futuras aplicações de IA serão ainda mais exigentes no que diz respeito ao processamento computacional. Além disso, uma aposta para os próximos dez anos é o lançamento comercial de dispositivos baseados em tecnologia quântica.
Numa combinação de 6G, computação quântica e IA, Saes aponta que será possível, no meio urbano, instalar câmeras com alta capacidade de interação com outros equipamentos inteligentes. O laboratório também trabalha no desenvolvimento de cabos ópticos capazes de identificar ruídos em ondas radioelétricas. Com essa tecnologia, cabos submarinos, por exemplo, poderão prever movimentos de placas tectônicas e a ocorrência de tsunamis.
4G na Lua
A curto prazo, o principal projeto do Bell Labs é ativar uma rede 4G na Lua. O projeto consiste em um módulo lunar acompanhado de uma estação rádio base (ERB) capaz de se autoconfigurar. O desafio é fazer com que o aparato tecnológico se sustente na superfície da Lua, resistindo a trepidações e lunamotos (tremores sísmicos que ocorrem no satélite natural da Terra).
"Acreditamos que essa missão será feita no fim deste ano", indicou o consultar. "Se conseguirmos implementar isso com sucesso na Lua, conseguiremos em qualquer outro ambiente hostil, como plataforma de petróleo, minas abertas e fechadas", complementou.

O projeto de instalar uma rede 4G na Lua é feito em parceria com a Nasa e outras empresas. Inclusive, apesar de ser uma subsidiária da Nokia desde 2016, a unidade de pesquisa e desenvolvimento também tem trabalhado próxima a universidades e ao mercado. O financiamento das atividades, em geral, fica a carga da companhia finlandesa.
Uma longa jornada
A organização atualmente conhecida como Nokia Bell Labs foi fundada em 1925, nos Estados Unidos, como Bell Telephone Laboratories, um braço de pesquisa dividido entre a AT&T e a Western Electric.
Na década de 1980, com o fim do Bell System (monopólio de telecomunicações da AT&T), o laboratório se tornou uma subsidiária da AT&T Technologies. Em 1996, com a segregação de suas atividades, a AT&T Technologies foi renomeada para Lucent Technologies.
Dez anos depois, a Lucent passou por um processo de fusão com a francesa Alcatel, formando a Alcatel-Lucent. A empresa combinada foi comprada pela Nokia em 2016. Desde então, o laboratório se chama Nokia Bell Labs.
Atualmente, o centro de pesquisa conta com escritórios na Irlanda, Alemanha, França e China, além da sede em Murray Hill, em Nova Jersey (Estados Unidos). Ainda que não tenha um espaço próprio no Brasil, o laboratório mantém atividades no País por meio da Nokia.