Brasil ficará abaixo da média da América Latina em tráfego móvel em 2017

O Brasil está enfrentando uma dicotomia no tráfego de redes móveis: por um lado, o crescimento no consumo de dados; por outro, menor investimento de empresas para modificar as cadeias produtivas. Foi o que revelou o estudo Visual Networking Index da Cisco, que prevê um cenário em que o País cresce em uma taxa abaixo da média mundial e mesmo da América Latina. O levantamento, divulgado nesta quarta-feira, 6, em São Paulo, mostra que o crescimento do tráfego de dados global crescerá 13 vezes até 2017, enquanto o volume brasileiro será 12 vezes maior no período, taxa anual de 65% e 0,25 exabytes (EB) por mês.

Notícias relacionadas
O crescimento do tráfego nacional de dados móveis para o consumidor final será de 13 vezes, um crescimento médio anual (CAGR) de 67%. Por sua vez, tráfego para o mercado corporativo será de apenas nove vezes (CAGR 54%) no período. Correspondendo a 40% dos dispositivos móveis na América Latina, o Brasil acaba por influenciar um resultado mais fraco na região.

Na previsão da Cisco, em termos de geração de tráfego de dados móveis, a média da América Latina é a mais baixa do planeta, com 0,7 EB/mês até 2017. A região com maior índice será a Ásia-Pacífico, com 5,3 EB/mês; seguida por América do Norte (2,1 EB/mês); Europa Ocidental (1,4 EB/mês); Oriente Médio e África (0,9 EB/mês); e Europa Central e Leste Europeu (0,8 EB/mês). Na soma, o tráfego global será de 11,2 EB/mês, CAGR de 66%.  

Políticas mais inteligentes

Segundo o diretor de empresas da Cisco Brasil, Rodrigo Dienstmann, o comportamento das operadoras mostra que é preciso investir mais, mas isso precisa ser mais otimizado. "A explosão de dados não é uma novidade, as operadoras estão acostumadas. Mas no próprio plano apresentado à Anatel (no final do ano passado), as empresas reconheceram que têm de investir melhor, em uma rede mais inteligente para reagir às condições de tráfego", afirma.

Ele diz ainda que, apesar de os resultados brasileiros estarem aquém da média na América Latina e no mundo, este cenário pode ser modificado. "As projeções são baseadas muito na interpretação do estado atual. Eu me arrisco a dizer que a previsão da Cisco para o Brasil pode se modificar, dependerá de políticas públicas", explica, citando a desoneração para equipamentos de redes e para smartphones como um exemplo que pode causar impacto positivo no mercado nacional.

O tráfego médio por usuário no Brasil em 2012 foi de 127 megabytes (MB) por mês, crescendo para 1,367 gigabyte (GB) por mês em 2017. O setor corporativo será responsável por 29 terabytes (TB) por mês (40% disso sendo comunicação máquina-a-máquina – M2M) e o mercado do consumidor final consumirá 222 TB/mês. Em comparação, o Brasil estará em 2017 atrás da Argentina (1,394 GB/mês) e do Chile (1,731 GB/mês), além de abaixo da média do usuário latino-americana de 1,411 GB/mês.

O Brasil ficará próximo da média de crescimento global na velocidade de conexão móvel – sete vezes em cinco anos, enquanto no mundo será de 7,4 vezes. Mas em valores absolutos, a velocidade do acesso no mundo atingirá 3,9 Mbps em 2017; enquanto no Brasil a velocidade será de 1,7 Mbps.

LTE

O estudo prevê que o 4G será responsável por 7% das conexões móveis (incluindo M2M) em 2017 no Brasil, mas, por conta da maior disponibilidade de velocidade e do perfil dos usuários, deverá responder por 30% de todo o tráfego móvel no País. Diretor geral da Cisco do Brasil e responsável pela área de telecomunicações, Anderson André afirma que o LTE não acabará com as demais tecnologias de rede móvel. "O 4G não será a bala de prata, o 3G e o 2G vão continuar existindo, é um processo evolutivo devagar", diz. A previsão da Cisco para a América Latina é de que o 2G ainda será 37% do tráfego daqui a quatro anos, enquanto o 3G será a tecnologia mais utilizada, com 58%. O LTE será apenas 5%, pouco abaixo da média brasileira, embora também responda por 30% do tráfego.

Para sustentar tudo isso, o descarregamento do tráfego (offload) para uma rede fixa por meio de soluções como hotspots Wi-Fi ou femtocells aumentará, representando 27% de todo o tráfego móvel. "Acho que os hotspots serão o que mais vão vingar, pois colocar femtocell dentro das casas é mais complicado”, explica Anderson André, da Cisco Brasil. Ele explica que a tecnologia Wi-Fi é mais barata, podendo inclusive ser utilizada por redes de smartgrids para comunicação M2M.

Nesta categoria, 32% dos acessos serão por conta de smartphones e 41% por tablets. Do tráfego total associado a dispositivos móveis, 90% será feito via Wi-Fi. O IPv6 será mais utilizado também: 46% dos dispositivos e conexões móveis serão compatíveis com o protocolo em 2017.

Dispositivos

O estudo mostra que haverá um grande crescimento também de dispositivos conectados no Brasil. Serão 357 milhões em 2017, aproximadamente 1,7 per capita. Em 2012, o mercado brasileiro foi de 285 milhões de unidades, ou 1,4 per capita. Os smartphones deverão chegar a 139 milhões daqui a quatro anos, contra 55 milhões em 2012. Os tablets serão 5,6 milhões em 2017, enquanto o total de laptops conectados chegará a 11 milhões. O número de usuários móveis chegará a 175,3 milhões.

A penetração de smartphones no Brasil também tende a aumentar, levando o consumo de dados por esses dispositivos a crescer 20 vezes no período, com CAGR de 81% e quase 167 mil TB/mês, ou 66% do total do tráfego móvel. Os tablets terão uma explosão de consumo ainda maior, com aumento de 107 vezes entre 2012 e 2017, CAGR de 155% e 19 mil TB/mês daqui a quatro anos, sendo responsáveis por 8% do tráfego (contra 0,12% em 2012).

O vídeo será 72% de todo o tráfego móvel, contra 58% em 2012. As aplicações na nuvem serão 87%, comparado com 79% atualmente. O tráfego M2M crescerá 16 vezes, chegando a 12 mil TB/mês, ou 5% de todo o tráfego móvel.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
CAPTCHA user score failed. Please contact us!