Veículos autômatos são a promessa da Ford

Entre as tendências apontadas pela Consumer Electronics Association (CEA) para 2015, uma das mais fortes é a da entrada definitiva da digitalização na indústria automotiva. Prova disso é que na Consumer Electronics Show (CES 2015) deste ano há a presença inédita de dez montadoras, além de 50 novos produtos desenhados para soluções para veículos, com a apresentação na noite de segunda-feira, 5, de protótipo da Mercedes-Benz. Outro indicativo é que o keynote da abertura oficial nesta terça-feira, 6, foi do presidente e CEO da Ford, Mark Fields. O executivo apontou para um futuro em que, assim como o fundador da empresa, Henry Ford, a ideia é tornar acessível e popularizar os carros autômatos, isto é, que se dirigem sem assistência humana. "Nossa prioridade é fazer não o primeiro veículo autônomo do mundo, mas o primeiro da Ford, e que seja acessível às massas", declara.

A ideia por trás disso é a mudança no comportamento de consumidores norte-americanos: segundo a Ford, 47% da população usa o smartphone durante o transporte, preferindo utilizar coletivos (como metrô, ônibus e táxi) para poder utilizar os dispositivos móveis no trajeto. Enquanto não consegue disponibilizar comercialmente os carros-robôs, Fields quer levar mais tecnologia aos automóveis da marca. Ele anunciou na CES uma iniciativa para promover a inovação nessa área, com três focos em mobilidade inteligente: veículo autônomo, serviço de consumidor e Big Data, que ele considera que terá um "papel crítico em nosso futuro". Ele ressaltou preocupação com privacidade, alegando que a companhia não será dona dos dados, mas "tutora".

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Na visão do vice-presidente do grupo e CTO de desenvolvimento de produtos globais da Ford, Raj Nair, a conectividade será necessária para ligar o carro inteligente à nuvem, além de permitir a comunicação entre veículos e infraestrutura. "Acreditamos que o carro autônomo seja possível, e isso está em nossos planos, será possível em lugares mapeados, mas, fora desses ambientes, vamos ter o semiautômato, que deixará o motorista no controle, mas com os benefícios de segurança", declarou.

Alguns problemas precisarão ser resolvidos. Um deles é alguma forma de deixar os passageiros menos suscetíveis ao enjoo com o movimento do carro, já que eles não terão mais o controle. Outro é o do que Nair chama de "reação emocional das pessoas", mas que passa por questões éticas e legais da tecnologia. "Se um acidente acontecer, quem é responsável? Mesmo a gente sabendo que as tecnologias seriam seguras, vamos continuar a pensar nisso de maneira bem cuidadosa", diz.

Iniciativa

O projeto Ford Smart Mobility pretende trazer uma série de experimentos e inovação para ajudar a empresa a moldar o futuro da indústria automotiva. A companhia se concentra nos pilares de criar melhor experiência, elaborar um modelo mais flexível e criar colaboração social. Isso significa projetos como compartilhamento de carros e coleta de dados de trânsito e de direção com a plataforma OpenXC. Segundo Mark Field, centenas de empregados da montadora testam desde 2013 um serviço de compartilhamento de carros comuns. No entanto, a ideia é promover isso com carros elétricos – a empresa tem procurado estabelecer parcerias com varejistas e estabelecimentos para criar pontos de carga rápida de energia nos Estados Unidos.

A Ford fez ainda uma iniciativa com 16 universidades no mundo para a criação de aplicativos que ajudassem a promover uma mobilidade urbana mais inteligente. Entre os ganhadores estão o Smartaxi, em Lisboa, que analisa áreas onde há maior demanda por táxis; o Flare, que traz informações sobre infraestrutura e tráfego na Índia; e o Parkapedia, que é uma espécie de Wikipedia de estacionamento, com informações de locais, taxas e vagas em Londres.

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