Investimento em infraestrutura de telecom cresce em 2019, afirma Abinee

Foto: Pixabay

O balanço setorial de 2019 apresentado nesta quinta-feira, 5, pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) revelou um ano de estagnação. Apesar do faturamento anual alcançar R$ 154 bilhões, em alta nominal de 5%, os setores representados pela entidade vão encerrar 2019 sem crescimento real quando descontado o Índice de Preços ao Produtor (IPP), que também ficou em 5%.

Responsável por 23,4% das receitas da cadeia, o segmento de telecomunicações, por sua vez, registrou alta nominal de 6%, para R$ 36,1 bilhões. A cifra consolida tanto a vertical de telefones celulares (cujo faturamento avançou 5%) quanto a compra de infraestrutura de telecomunicações realizada sobretudo pelas operadoras. Neste caso, a alta nominal das receitas ficou em 7%.

A performance do segmento ficou acima do esperado pela Abinee, que notou o capex de R$ 23 bilhões em nove meses das operadoras em 2019 contra cifra de R$ 21 bilhões no ano passado. Em 2020, contudo, a expectativa da entidade é que o dispêndio com equipamentos suba menos do que neste ano, ou 5%.

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Diretor de telecomunicações da Abinee e executivo da Nokia, Aluizio Byrro, apontou que a contratação de infraestrutura no ano que vem não deve ser beneficiada pela demanda 5G: segundo o dirigente, tal impulso na venda de equipamentos só ocorrerá a partir de 2021. Antes disso, incertezas relacionadas às mudanças no marco legal e ao próprio leilão de quinta geração precisam ser dirimidas.

A Abinee reiterou a expectativa que o certame – cuja votação da minuta do edital pode ocorrer no Conselho Diretor da Anatel no próximo dia 12 – tenha regras mais "confortáveis". Entre elas, um menor fatiamento dos blocos de frequência e um perfil não arrecadatório na venda das licenças. A entidade também vê a abertura de usos privados para as frequências como oportunidade positiva para a venda de equipamentos.

Consolidado

Além da receita total da indústria eletroeletrônica ter estagnado em 2019, a produção do setor também se manteve no mesmo patamar, com alta de 1% na área elétrica e baixa de 1% na eletroeletrônica resultando em empate no consolidado.

"Ainda estamos muito aquém de 2013", afirmou o presidente da Abinee, Humberto Barbato. De 2013 até 2016, houve uma queda de 33% na produção total do setor, parcialmente compensada por alta de 8% entre 2017 e 2019.

Situação similar afetou o nível de emprego eletroeletrônico, que passou de 308,6 mil em 2013 para atuais 235 mil. Em 2019, foram gerados cerca de 2,8 mil postos na cadeia. Já a capacidade instalada passou de 74% em 2018 para 75%; em 2013, o indicador marcava 83%.

"Como a perspectiva é de PIB melhor em 2020, provavelmente estaremos melhores no ano que vem", prosseguiu Barbato. Para o período, a expectativa é de crescimento nominal de 8% no faturamento, para R$ 165,9 bilhões.

Lei da Informática

Considerada um fator de incertezas para o setor eletrônico ao longo do ano, a revisão da Lei da Informática após condenação dos subsídios fiscais da política pela Organização Mundial do Comércio (OMC) está bem encaminhada, no entendimento da entidade.

Barbato relatou à jornalistas que, sob relatoria do senador Plínio Valério (PSDB/MA), o Senado deve realizar mudanças no texto aprovado pela Câmara há uma semana, votando o projeto já na semana que vem.

As alterações ocorreriam a pedido do Executivo e obrigariam o retorno da matéria à Câmara. Apesar do cronograma apertado antes do recesso parlamentar, Barbato afirmou que o setor acredita na sanção presidencial até o dia 31 de dezembro. O Brasil precisa retirar os benefícios fiscais via IPI da Lei da Informática antes do fim do ano, sob o risco de retaliações comerciais do Japão e da União Europeia.

Segundo a Abinee, o impasse sobre a política industrial resultou no represamento de investimentos em 2019. No período o montante chegou em R$ 2,773 bilhões, ou alta de 3% frente 2018 – mas sempre considerando a inflação de 5% registrada pelo IPP. Já para 2020 há expectativa de alta nominal de 11% no investimento, para R$ 3 bilhões.

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