Em meio à competição acirrada na banda larga fixa, a TIM trabalha com a possibilidade de retomar os esforços para disputar market share no futuro, quando o setor estiver mais consolidado. Embora a empresa não tenha a intenção de se desfazer da operação, o CEO Alberto Griselli admite o cenário adverso.
"Hoje, somos mais espectadores de um mercado competitivo. Não nos interessa muito porque temos pouco a perder, mas no futuro poderemos ter bastante a ganhar. Como um grande operador, estamos trabalhando há anos para ter a opção de entrar nesse setor de forma mais eficaz, mas é necessário que as condições sejam favoráveis", afirmou o executivo nesta terça-feira.
Em coletiva de imprensa para comentar os resultados do terceiro trimestre, ele ressaltou que essa "é uma infraestrutura importante para o País." "É muito mais provável que o setor se consolide e que, em um momento oportuno, possamos desempenhar um papel importante nesse processo", completou Griselli. A empresa não trabalha com uma eventual negociação do seu braço de banda larga fixa.
Ao final do terceiro tri, a TIM reportou uma base de 793 mil assinantes na banda larga fixa. Para efeito de comparação, a Claro lidera o setor, com 10,1 milhões de clientes (20% de share), enquanto a Vivo tem outros 7,1 milhões (9% do mercado), de acordo com dados da Anatel.
O panorama é bem diferente no móvel, em que a tele possui 62,1 milhões de assinantes, atrás da Vivo (101,5 milhões) e da Claro (88,2 milhões).
Para o CEO, existem poucos mercados como o Brasil, em que figuram mais de 10 mil provedores de banda larga, entre líderes regionais e locais, competindo por espaço. "O mercado está mal porque é extremamente competitivo e há muitos jogadores. É um mercado intensivo em capital. Em mercados intensivos em capital, o número de jogadores geralmente é pequeno."
Como é uma das incumbentes do segmento de telecom brasileiro, o executivo acredita que a empresa pode esperar a melhor oportunidade para realizar operações de M&As, por exemplo. No perfil de companhias que a TIM poderá considerar no futuro, a prioridade está voltada para as de médio porte.
"Podemos aguardar porque temos a opção. Para nós, é uma operação pequena. Podemos esperar e fazer o movimento certo, no momento certo. Quem está 100% exposto nesse setor tem necessidades muito diferentes das nossas", disse ele.
Migração de assinantes no móvel
Um dos esforços da tele neste momento é a migração de assinantes pré-pago para planos controle, visando o aumento da rentabilidade financeira. Isso explica a queda no resultado da base no pré (-4,7%) e o avanço do pós (+9,2%) no terceiro trimestre.
"Esse movimento é intencional, com o objetivo de dar um resultado positivo para a empresa e fornecer uma melhor proposta de valor para os clientes do pré-pago ao migrarem para o controle", afirmou Griselli.
Para a TIM, a convergência entre as ofertas da banda larga fixa e dos serviços móveis é fundamental para manter a qualidade da entrega aos assinantes. "Dizemos que se competimos menos em preço, precisamos competir mais na qualidade e no valor percebidos pelo cliente. Na estratégia 'mais por mais', o que fizemos com o novo portfólio pós-pago, tanto o pós-pago puro quanto o portfólio do controle, foi incluir benefícios que os clientes valorizam."
A convergência também é importante porque a companhia espera reajustar os preços e entende que há elementos para expandir a receita acima da inflação em 2025. "Se você olhar para o pós-pago, o crescimento é impulsionado, principalmente, por um aumento da base de clientes e do ARPU – que está, por sua vez, relacionado ao ajuste de preço", disse.