Na abertura do Painel Telebrasil 50 Anos, iniciada nesta terça-feira, 5, em Brasília, o presidente da entidade e CEO da Vivo, Christian Gebara, defendeu o tratamento da cadeia de telecomunicações como um serviço essencial. A necessidade do uso racional das redes e de iniciativas de letramento digital e acesso à dispositivos também foram destacadas.
A avaliação foi realizada durante a abertura do evento anual da cadeia de telecom, na presença de autoridades do governo federal, da Anatel e do Congresso. "Precisamos tratar os serviços de telecom como essenciais porque efetivamente é essa é a realidade", afirmou Gebara. "Hoje é impossível encontrar uma atividade econômica que não utilize intensamente as redes".
Assim, o dirigente da Telebrasil defendeu um tratamento ao setor similar ao concedido às cadeias de energia, água, gás e saneamento, sobretudo no que envolve a reforma tributária e a concessão de cashback para conectividade entre usuários de baixa renda.
Hoje, o cenário descrito por Gebara é de "alta tributação" para a cadeia, com carga tributária de R$ 60 bilhões ao ano que seria a terceira entre os 15 países com maior número de celulares, além de R$ 5 bilhões em contribuições a fundos setoriais "não plenamente revertidos ao setor".
Uso racional de redes
Outro ponto de atenção trazido pelo dirigente da Telebrasil e CEO da Vivo foi o uso excessivo das redes pelas plataformas digitais e a necessidade de um novo arranjo para investimentos em infraestrutura.
"As cinco maiores provedoras globais concentram quase 80% do tráfego de rede móvel e 65% das redes fixas. O uso desigual e excessivo prejudica a experiência dos serviços e deteriora qualidade para demais usuários. É essencial encontrar equilíbrio nos investimentos que assegurem a sustentabilidade. Sem isso, os maiores prejudicados serão os usuários", afirmou Gebara.
Há ainda outros desafios: além de cobertura, o presidente da Telebrasil apontou necessidade de maior acesso à dispositivos pela população e iniciativas de letramento digital.
"O uso intenso de redes sociais nos dá essa falsa ideia de cidadãos nativos digitais, mas grande parte dos brasileiros ainda não tem essas competências", lembrou o executivo. Segundo Gebara, o letramento digital é necessário para que a sociedade desfrute integralmente os benefícios da inclusão digital.
O diagnóstico vem em momento onde a indústria antevê grandes mudanças no ecossistema digital. "Inúmeros serviços digitais se tornaram realidade por conta da conectividade e isso não para por aqui. Estamos no início da era da inteligência artificial generativa, que vai trazer transformações profundas", lembrou Gebara.