O presidente da Claro, José Félix, questionou a efetividade de políticas como a assimetria regulatória (implementada pela Anatel para fomentar o aumento no número de provedores) para a saúde do ecossistema de telecomunicações no Brasil. As colocações foram feitas em Brasília nesta terça-feira, 4, durante o Painel Telebrasil 2024.
De acordo com o executivo, há hoje no Brasil um estado de precarização das redes, causada pela multiplicidade de players. Ele disse que isso pode ser observado, por exemplo, na desorganização crescente de fios de telecom nos postes do Brasil. "Isso é um pouco do resultado da liberação total do setor", afirmou.
Para o presidente da Claro, o aumento acelerado da concorrência pode até "parecer bom" em um primeiro momento. No entanto, poderia resultar na "obsolescência de boa parte da rede do País" daqui a alguns anos.
"Qual é o ponto ideal da concorrência? Vemos países voltando atrás em algumas decisões, porque dependendo do tipo de concorrência, você estraçalha o setor. Então, no primeiro momento, você fica satisfeito com o que você conseguiu, mas não está enxergando ali que a renovação [de redes] no setor pode ser menor", disse José Félix.
Mercado móvel
O presidente da Claro também se colocou contra uma pulverização similar no mercado móvel.
Ele afirmou que isso "acabaria" e "destruiria" o setor de telecomunicações no Brasil. Félix fez o comentário ao refletir sobre um artigo onde o ex-membro do Conselho Diretor da Anatel, Aníbal Diniz, defendeu que a maior competitividade também ocorra com as operadoras de telefonia móvel.
A política de assimetrias regulatórias adotada no mercado de banda larga é vista como um sucesso pela Anatel. Hoje, existem mais de 20 mil ISPs espalhados pelo Brasil, que tem um dos mercado de banda larga mais pulverizados do mundo. Mais de 50% do segmento é ocupado por operadoras regionais. O setor (inclusive empresas menores) avalia um efeito colateral disso: a guerra crescente de preços, que pode impactar na qualidade do serviço.
Já na telefonia móvel, a competição é menos acirrada. São três as operadoras que dominam o mercado de telecomunicações: Claro, TIM e Vivo. Ao mesmo tempo, operadoras móveis virtuais (MVNOs) começam lentamente a ganhar espaço no Brasil, utilizando a mesma infraestrutura das grandes empresas.