Com as receitas tradicionais em queda, a TIM vai guiando para um caminho cada vez mais calcado na banda larga móvel. Isso fica evidente ao se constatar que quase metade da base da tele já é de smartphones, de acordo com informações da divulgadas nesta quarta-feira, 5: com crescimento de 19 pontos percentuais (p.p.) em relação ao terceiro trimestre de 2013, agora a proporção de smartphones na empresa é de 44%. Aliando isso à quantidade de usuários de dados, que cresceu 32% e somou 32 milhões no período, criou-se uma receita de R$ 1,3 bilhão com dados e serviços agregados, um aumento anual de 49%.
Outro indicador: a participação de smartphones nas novas vendas já é de 77%, ou 10 p.p. acima do 3T13. "Muito em breve, vamos poder falar que quase o total de celulares vendidos será de smartphones", afirmou o presidente da TIM, Rodrigo Abreu, durante conferência para divulgação dos resultados financeiros. Ele diz que a operadora passa por uma revisão estratégica, que será refletida no anúncio de investimentos para o triênio de 2015-18, que deverá ser realizado nesta sexta-feira, 7, pela controladora Telecom Italia. "O novo plano trienal está sendo preparado com nossos novos investimentos e métricas, já nascendo com foco em liderança e dados digitais, infraestrutura como já vínhamos fazendo, valor de base de clientes e experiência de consumidor".
Na visão de Abreu, isso indica não apenas o declínio da receita de voz, SMS e interconexão (VU-M), mas também a tendência de um futuro convergente no qual todos os serviços serão sobre dados. Abreu estima que ainda 70% das receitas das operadoras venham de serviço de voz. "Ao longo do tempo, vai sumir como elemento separado, nossa visão de futuro é o de ser único (serviço), de dados, e a voz vai ser um dos serviços em cima". O impacto da queda da VU-M, ele lembra, já é esperado pelas regras do corte promovido pela Anatel. "A gente sabe que ela vai desaparecer, então o impacto vai ser de 5% ou 4%", diz. No trimestre, o impacto ainda foi de 27% na receita, 1 p.p. abaixo do trimestre anterior.
Ele acredita que a visão da dinâmica também modifica a composição do EBITDA. "Será cada vez mais composto por dados, e as margens são mais significativas: R$ 1 de receita de dados é igual a R$ 1 de EBTIDA. Vamos buscar equilíbrio para nesse período de transição ser sustentável, garantindo o custo da operação".
Reflexo na infraestrutura
A TIM tem atualmente 3.153 antenas de 4G nas capitais, e afirma que o número de sites 3G cresceu 9,3% nos últimos nove meses, chegando ao total de 9.920 ao final do trimestre, o que corresponde a uma cobertura de 79,1% da população urbana. A cobertura complementar também aumentou: de 714 em dezembro, o total de hotspots Wi-Fi e small cells agora é de 1.105 pontos. A operadora, aliás, oficializou o início do projeto de instalação de antenas de 2 W a 3 W com os postos Ipiranga: serão inicialmente três cidades, com cerca de 150 small cells.
De acordo com Rodrigo Abreu, a empresa tem utilizado processos de mineração de dados para definir a estratégia de implantação de novos sites. "Temos o processamento de Big Data para poder otimizar nossa infraestrutura, determinando em quais localidades, qual antena precisa (se small cell ou macrocélula), onde precisa de maior crescimento e em que cidade a gente pode usar uma ou outra tecnologia." Segundo o executivo, 88% do investimento de R$ 960 milhões de julho a setembro foram dedicados ao 3G e 4G.