Confirmando rumores do mês passado, a Telefónica acertou a venda da operação na República Tcheca para investidores do grupo PPF por 2,467 bilhões de euros. Em comunicado enviado à imprensa nesta terça-feira, 5, o grupo espanhol afirmou que o acordo prevê a venda de 65,9% do capital da Telefónica Czech Republic, ficando ainda com 4,9% do capital e permanecendo como parceiro comercial e industrial nos próximos quatro anos.
Do valor total, 2,063 bilhões de euros serão pagos em dinheiro quando a transação for completada, enquanto os 404 milhões de euros restantes serão pagos no período de quatro anos. Antes de transferir as ações, a Telefónica irá receber um pagamento adicional de 260 milhões de euros em novembro relativos ao dividendo declarado. O grupo espanhol declara que o PPF fará uma oferta pública obrigatória para obter os 4,9% restantes do capital. O acordo implica em um múltiplo de 6x no EBITDA estimado para 2014.
As empresas na República Tcheca e na Eslováquia irão mudar de nome, mas poderão continuar a utilizar a marca O2 pelos próximos quatro anos. Além disso, a companhia continuará no programa de parceiros da Telefónica.
Análise
O grupo espanhol afirmou que a transação faz parte de uma mudança no plano estratégico da empresa, declarando que 2013 está sendo um "ano decisivo no processo de transformação da Telefónica ao continuar a executar de forma bem sucedida sua estratégia de aumentar a flexibilidade financeira e fortalecer as operações nos mercados core". Isso porque a empresa conseguirá abater 2,685 bilhões de euros de sua dívida de 49,793 bilhões de euros (dados de junho), permitindo à empresa cumprir seu guidance de 47 bilhões de euros até o final do ano.
A movimentação na República Tcheca acontece após outros acordos realizados na Alemanha e na Irlanda. No mercado alemão, a Telefónica adquiriu em julho a E-plus por 8,1 bilhões de euros, pouco mais de um ano após realizar a oferta pública de ações da Telefónica Alemanha. Em junho, a empresa vendeu a O2 na Irlanda por 850 milhões de euros para a chinesa 3, do grupo chinês Hutchison Whampoa.
Além disso, o mercado especula sobre uma eventual fusão com a Telecom Italia, o que exigiria a venda da TIM Brasil e poderia melhorar a situação financeira de ambas. A questão é que o foco da Telefónica agora deverá ser no mercado latino-americano, que já se mostra maior do que as operações domésticas na Espanha. Isso poderá ser confirmado ainda nesta semana: na quinta-feira, 7, a Telefônica Brasil deverá divulgar seus resultados financeiros, seguida no dia 8 pela holding espanhola. Também na quinta-feira, a Telecom Italia fará sua prometida reunião para decidir as novas estratégias da empresa, incluindo o futuro da TIM na Argentina e Brasil.