A tomada de subsídios da Anatel sobre o futuro do 2G e do 3G repercutiu na Futurecom 2023, que aconteceu esta semana, em São Paulo. O evento tem forte presença das empresas do ecossistema de Internet das Coisas, que é diretamente afetado pelo desligamento de ambas as tecnologias. Para Alexandre Dal Forno, diretor de marketing para IoT e 5G da TIM, é importante que a Anatel traga o tema para a pauta, porque é necessário que todo o ecossistema comece a se planejar e pensar em alternativas.
Ele prefere ainda não opinar sobre o encerramento de uma das tecnologias específicas, mas reconhece que, no médio prazo, o CAT 1 NB-IoT das redes 4G deve prevalecer como padrão de conectividade para Internet das Coisas, mas antes é preciso tratar o legado de dispositivos que hoje operam em 2G e 3G.
Dal Forno aponta que o ambiente de Internet das Coisas está finalmente ganhando momento e que é importante esse crescimento já vir acompanhado de uma definição sobre o que vai acontecer com as diferentes tecnologias.
Especialistas ouvidos por TELETIME, contudo, ainda têm dúvida se o ideal é desligar o 2G antes do 3G. Isso porque o 2G ocupa menos espectro, é uma tecnologia mais robusta e não têm um custo significativo de royalties para os fabricantes de equipamentos, ao contrário do 3G. Já o 3G seria mais facilmente substituído pelo 4G como rede de dados.
A Anatel, ao realizar a tomada de subsídios, está preparando um cenário mais radical, em que pretende limitar a certificação de equipamentos "2G only" e "3G only", justamente porque sabe que precisará, em 2028, realizar um replanejamento do espectro que hoje atende a estas duas tecnologias, e quanto mais equipamentos legados na rede, mais complexa será a transição. Mas uma restrição da certificação de equipamentos sem justificativas e embasamento técnico poderia suscitar questionamentos em relação às regras internacionais de comércio, por isso o cuidado para evitar uma decisão não planejada e fundamentada.
Em agosto, por exemplo, como destacou TELETIME, a maior parte das novas conexões no mercado móvel vieram de acessos tipo M2M e PoS, que são, quase sempre, em redes 2G e 3G. A agência teme que essa tendência se intensifique com a aceleração do mercado de IoT.
Debate
Durante debate sobre o mercado de IoT realizado na Futurecom, um grande potencial inexplorado foi apontado pelo CEO da NLT, André Martins. Atualmente há cerca de 40 milhões de conexões IoT no País, em número que poderia alcançar os 70 milhões caso o Brasil se aproximasse da média mundial de adoção da tecnologia, afirmou o executivo.
O caso de uso mais consolidado por aqui ainda é o rastreamento de veículos, mas a adoção por outros setores tem escalado e impulsionado o 5G como alternativa em projetos mais complexos – como implementação da TIM em terminal de contêineres ao lado da Brasil Terminal Portuário (BTP), nota Dal Forno. Mas o 4G deve mesmo seguir como principal tecnologia por algum tempo.
Diretor de IoT e M2M da Embratel, Eduardo Polidoro apontou o 4G como capaz de atender a maior parte das aplicações, ainda que haja avanço da quinta geração. Entre projetos com IoT em LTE já desenvolvidos pela empresa da Claro estão telemetria em locomotivas da Rumo na Serra de Santos e contrato com a empresa que conecta as câmeras corporais de policiais em São Paulo, inclusive com prioridade de tráfego por se tratar de atividade de missão crítica.
(Colaborou Henrique Julião)
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