A operadora de infraestrutura IHS Brasil inaugurou na noite desta quarta-feira, 4, o seu Centro de Inovação Tecnológica na Fundação Santo André (FSA), instituição de ensino localizada na região do Grande ABC Paulista.
A ideia é estreitar as relações entre a academia e a indústria no desenvolvimento de novas soluções, dentro de um programa de inovação mais amplo da IHS a nível global. Ao TELETIME, o CTO da empresa, Antonio Maya, diz que na atuação com a universidade, o objetivo é oferecer financiamento focado em projetos para telecom e de redes neutras.
Com a redução dos espaços disponíveis para a construção de torres, o executivo explica que antenas 4G e 5G precisam ser estrategicamente desenvolvidas em iniciativas de cidades inteligentes, por exemplo.
"No mesmo lugar onde você vai instalar uma antena de telecomunicações, vai ter uma central de monitoramento, um programa de recarga de veículos elétricos e uma infraestrutura de ticket de estacionamento", exemplifica Maya. "Tudo isso integrado dentro do conceito de infraestrutura que o ambiente municipal necessita. Mas, para isso, é preciso desenvolver a infraestrutura", completa.
No entanto, as soluções no radar da empresa não se limitam às áreas urbanas. Outro gargalo a ser endereçado pela proposta é que, hoje, apenas 35% das rodovias brasileiras contam com conectividade efetiva, o que gera um entrave para a integração da cadeia logística brasileira, acrescenta o executivo.
Já na agricultura, mesmo respondendo por cerca de 27% do Produto Interno Bruto (PIB) do País, o segmento conta com apenas 30% das propriedades rurais conectadas. O resultado são problemas relacionados ao monitoramento no transporte das cargas e no acompanhamento da produção nas lavouras.
Incubadora e venture capital
A escolha pela região do ABC Paulista, tradicional pela vasta quantidade de indústrias, não foi mero acaso. Outro foco do programa de inovação é justamente atuar como incubadora junto ao Parque Tecnológico de Santo André (SP).
Na prática, a IHS deseja estabelecer parcerias com indústrias da região – como General Motors (GM), Mercedes e Pirelli – para implementar soluções de conectividade, de acordo com as necessidades reais das empresas. Um exemplo é o desenvolvimento de redes privativas 5G para a Indústria 4.0.
Por outro lado, o terceiro pilar da estratégia de inovação é o venture capital. O programa para a atuação com foco em startups está sendo desenhado em parcerias com empresas que atuam no segmento de tecnologia. "Para a gente, é um mercado novo", reconhece Maya.
O orçamento, ainda em fase de aprovação, deve resultar em investimentos em três startups em 2025. Na mira, estão empresas que tenham sinergias com os negócios da IHS, com foco em tecnologia e telecom.
Infraestrutura compartilhável
O processo de unificação de uma série de áreas da I-Systems, subsidiária de redes neutras da IHS, iniciado há alguns meses, ainda está sendo finalizado. No entanto, já há resultados positivos da estratégia, avalia o CTO.
De acordo com o executivo, a companhia não trabalha apenas com a fibra neutra para conectar os usuários residenciais com o FTTH (Fibra até a Casa). No conceito de FTTS (Fibra até o Site), a tecnologia, hoje, também é empregada em um projeto de monitoramento de câmeras inteligentes na cidade de São Paulo. Além disso, a unificação das operações permite que a infraestrutura neutra alcance outros setores, como soluções de energia para o backup de baterias.
"A gente acredita muito que a mudança da empresa de uma Tower Core para uma Net Core vai permitir agregar uma infraestrutura mais compartilhável, viabilizando a implantação das tecnologias e fornecendo como serviço parte dessa infraestrutura, que é a energia como serviço, a cobertura como serviço, até chegar a uma rede como serviço", diz Maya.