Redes comunitárias estão em localidades com alta vulnerabilidade, mostra CGI.Br

O estudo "Redes comunitárias de Internet no Brasil: experiências de implantação e desafios para a inclusão digital", lançado nesta segunda-feira, 5, pelo CGI.Br, mostra como as redes comunitárias são alternativa para promover a inclusão digital em regiões de povos tradicionais e com pouca oferta de infraestrutura e serviços de Internet.

Segundo a pesquisa, 83% dessas redes estão presentes em localidades remotas e que apresentam maior vulnerabilidade: 40% delas em quilombos ou territórios quilombolas; 33% em aldeias ou territórios indígenas e 23% em áreas ribeirinhas. O estudo analisou o estágio de desenvolvimento dessas redes, os seus modos de operação e seus efeitos nos territórios em que atuam, identificando barreiras e maneiras de fomentar a sua sustentabilidade.

Quanto à tecnologia de conexão, 18% usavam rádio; 18% satélite e 13% fibra óptica. "Isso contrasta com a situação encontrada na média dos lares brasileiros, nos quais, segundo a pesquisa TIC Domicílios 2021, predomina a conexão por cabo ou fibra óptica. Ao mesmo tempo, a prevalência de rádio e satélite nessas comunidades indica que grande parte dessas redes opera em territórios com obstáculos físicos adicionais à conectividade", diz em comunicado Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br|NIC.br.

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"As redes comunitárias de Internet têm um papel estratégico de promover conectividade em áreas desatendidas, e em comunidades mais vulnerabilizadas, além de estimular a apropriação da tecnologia por essas comunidades. Por isso é muito importante entender quem são, como e onde atuam", explicou Barbosa.

Perfil

Segundo o estudo, os principais beneficiários das redes comunitárias são os moradores de entornos urbanos, 58%. As redes também mencionaram associações, 43%; além de outras instituições como escolas e igrejas, 35%, e comerciantes locais, 25%.

O perfil dos gestores dessas redes reflete a diversidade da comunidade, sendo 55% deles pretos ou pardos e 20% indígenas, proporção superior à média da população nacional. Já em relação à escolaridade, 40% deles têm ensino superior e 33%, pós-graduação.

Em 45% das redes comunitárias, os beneficiários participam das decisões sobre seu funcionamento, e em 35% delas as principais questões são decididas por um conselho ou grupo deliberativo.

Modelos de sustentabilidade

A pesquisa mostrou que quase a totalidade das redes comunitárias mapeadas, 93%, se definem como "organizações sem fins lucrativos". Já um quarto delas, 23%, afirmaram depender de um investimento médio mensal de mais de R$ 1 mil para se manterem ativas, e 38% um custo de até R$ 1 mil.

Para financiá-las, 38% das redes comunitárias investigadas se valem de doações voluntárias de pessoas da própria comunidade, e igual proporção contava com o financiamento de organizações não governamentais. Em 28% delas eram cobradas mensalidades ou anuidades dos usuários.

Quando questionados sobre quão seguros estavam de que a sua rede estaria funcionando nos próximos 12 meses, 53% dos entrevistados (21 entre as 40 investigadas) afirmam estar muito seguros ou seguros; 18% declaram estar nem seguros nem inseguros, e 23% declaram estar pouco ou nada seguros, representando quase um quarto das redes analisadas. "A sustentabilidade financeira das operações cotidianas é um desafio para a manutenção das redes comunitárias. Identificamos durante a pesquisa que a maior parte dos projetos de implementação dessas redes não preveem recursos para além das etapas iniciais de implementação ou para situações excepcionais, como conserto e substituição de equipamentos", afirma Laura Tresca, conselheira do CGI.br.

Principais atividades

De acordo com os gestores ouvidos pela pesquisa, entre as principais atividades realizadas pelos usuários das redes estão a promoção de festividades locais e a mobilização dos membros sobre temas de interesse e campanhas, ambas 50%, o que reforça o papel dessas redes na valorização de aspectos culturais e políticos da comunidade.

Os principais serviços oferecidos são espaços para gravar, compartilhar online arquivos e documentos 28%, a disponibilização de Intranet, 23%, e o oferecimento de mural de avisos da comunidade pela Internet, 18%. Serviços de rádio comunitária própria e TV comunitária própria foram mencionados em menores proporções, representando 13% e 8%, respectivamente.

Confira a pesquisa completa em aqui.

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