Para Visiona, só fluxo contínuo de projetos assegura tecnologia espacial ao Brasil

A Visiona, joint-venture entre Telebras e Embraer montada para atuar como prime-contractor (contratante principal) do Satélite Geostacionário de Defesa e Comunicação Brasileiro (SGDC), comemorou o fato de ter vencido a primeira etapa do projeto, que foi a especificação e seleção dos fornecedores, dentro do prazo de um ano, considerado por especialistas no setor uma marca notável. "Não é comum um projeto chegar nessa fase em um intervalo tão curto", disse Nelson Salgado, presidente da Visiona, durante o Congresso Latino-americano de Satélites, que acontece esta semana no Rio de Janeiro e é organizado pela Converge, que edita este noticiário.

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Segundo Salgado, a Visiona ainda terá o desafio daqui para frente de entregar tudo funcionando para a Telebras e para os órgãos de Defesa, o que significa um longo processo de acompanhamento do projeto e da fabricação e lançamento do satélite. A data prevista pela Visiona para entregar o artefato operante é meados de 2016. Mas o maior desafio, segundo Salgado, é para o País não perder a chance de dar continuidade a esse momento, que ele classifica de histórico.

"O conhecimento que será gerado só será mantido se houver um fluxo contínuo de projetos em curso. Se construir um satélite e parar, tudo se perde", diz ele. O governo tem planos para mais uma série de satélites de comunicação, meteorológicos e de observação, mas tudo isso depende de investimento. "Não estou falando de grandes investimentos, mas sim de projetos contínuos. É isso que faz a diferença", explicou o presidente da Visiona. Ele lembrou, contudo, que serão necessários investimentos em alguns setores específicos, como o Inpe, que tem um dos principais laboratórios de testes de componentes de satélites da América Latina, o LIT, mas que precisará ser ampliado se o Brasil de fato for perseguir um projeto espacial. "Também será necessário apoiar as empresas brasileiras. Muitas estão dispostas a investir, mas isso também só vai acontecer se perceberem que existe mercado", disse.

Papel da Visiona

Salgado explicou o papel da Visiona no processo de contratação do SGDC-1. "Quem definiu as missões do satélite foi a Telebras e os órgãos de defesa. Nosso papel foi o de encontrar fornecedores e assegurar que tudo funcione de forma integrada", disse ele. Nesse sentido, a experiência da Embraer foi importante. "Ainda que as tecnologias sejam diferentes, o processo de contratação de sistemas complexos é muito similar", afirmou. Boa parte da equipe da Visiona veio da Embraer. Ainda segundo Salgado, outra etapa fundamental foi o das RFIs, quando a Visiona pediu informações ao mercado sobre o que pretendia. Nesse momento participaram 11 empresas que, segundo o executivo, contribuíram para ajustar o projeto ao discutirem as especificações e possibilidades.

Na fase seguinte, de RFPs, quando foram recebidas as propostas, nove empresas participaram, das quais três ficaram para a rodada final de negociação. "Em todos os momentos, Telebras e Ministério da Defesa participaram das decisões. A Visiona só restringiu a participação na negociação final a um número mais limitado de pessoas, para assegurar mais efetividade ao processo". Ainda segundo ele, a joint-venture não será a responsável por absorver a tecnologia. "Isso cabe às empresas brasileiras que atuam no segmento espacial, conforme será definido pela Agência Espacial Brasileira", diz. A Visiona também não terá nenhuma responsabilidade na operação do satélite.

"O critério final de escolha dos fornecedores foi técnico. Avaliamos a aderência aos requisitos, a confiabilidade e as margens do projeto para poder minimizar os riscos e o custo", diz Nelson Salgado.

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